20190518102226234132e Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

STF, Lula e Bolsonaro vão levar dólar para acima de R$ 6

Publicado em Economia

A tensão política provocada pela decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), de anular os processos envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e as expectativas em torno das eleições presidenciais de 2022, que já começaram, o dólar passará dos R$ 6 nos próximos dias, acredita o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale. Nesta terça-feira (09/03), a moeda americana está sendo negociada a R$ 5,817 para venda, com alta de 0,66%.

 

Segundo Vale, a pergunta que o mercado cada vez mais fará, daqui por diante, é que país sairá da eleição em 2022. “O próximo mandato promete ser dirigido por alguém não muito afeito às reformas necessárias, seja Lula, seja o presidente Jair Bolsonaro. Essa será a visão do mercado, mesmo que, eventualmente, apareça algum candidato de centro que fure o bloqueio”, diz o economista, em relatório.

 

Vale diz que, até que esse candidato de centro apareça, o que ainda deve demorar, o mercado não pagará para ver e já se começa a analisar para onde vai o quadro político: o risco de dois candidatos com potencial de voto que não prezam como deveriam pelas reformas. “A consequência já aparece nos números. Por isso, começamos a revisar alguns”, avisa.

 

Inflação e juros em alta

 

Em relação à inflação, a MB Associados prevê, agora, que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechará este ano em 4,3%, ante os 4% projetados anteriormente. Em relação à taxa básica de juros (Selic), a alta será dos atuais 2% para 5%, e não mais para 4%. Já o dólar deve ficar em R$ 5,60, depois de superar os R$ 6 nos momentos de maior tensão.

 

“É importante dizer que, no curto prazo, a taxa de câmbio deve passar de R$ 6,0 e não será difícil novas revisões em que esse número se torne o novo patamar mínimo nos próximos meses”, ressalta Vale. Quanto ao Produto Interno Bruto (PIB), a perspectiva é de que o crescimento de 2,6%.

 

“O cenário de atividade certamente fica bastante afetado, reforçando nosso cenário mais pessimista de crescimento de PIB este ano, de 2,6%, que não mudaremos por enquanto. A ideia é de um segundo semestre livre de problemas com a vacinação (contra a covid-19). Para 2022, devemos revisar para baixo o crescimento de 2,4%, provavelmente, para um número abaixo de 2%, o que, por si só, coloca ainda mais pressão de entrega em cima do presidente Bolsonaro”.

 

Com juros e crescimento piores, a MB projete dívida bruta de  94% do PIB em 2022 contra os 89,5% esperados. “Queremos reforçar que tudo isso vale mesmo que apareça algum candidato que possa fazer frente a Lula e a Bolsonaro. Apenas o risco de dois candidatos fortes como esses, e com suas posições em economia cada vez mais claras, o mercado não vai esperar para ver se o jogo político se equilibra”, frisa Vale.

 

Brasília, 15h51min