Mandetta
Mandetta Foto: Sérgio Lima/AFP Mandetta

Se Mandetta sair, equipe que está na linha de frente do combate ao coronavírus também irá embora

Publicado em Economia

O clima no Ministério da Saúde está mais pesado do que nunca. Desde o último fim de semana, quando a demissão do ministro Luiz Henrique Mandetta se tornou uma possibilidade concreta, os três principais técnicos da equipe que está na linha de frente do combate ao novo coronavírus avisaram que deixarão seus cargos se o chefe cair.

 

João Gabbardo Reis, secretário executivo; Wanderson de Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde; e Erno Harzhein, secretário de Atenção Primária à Saúde, deixaram claro, por mais de uma vez, que não aceitarão a troca de comando no ministério num momento tão importante, pois têm a certeza de que Mandetta está fazendo um trabalho exemplar no combate à Covid-19.

 

O descontentamento de Gabbardo, Oliveira e Harzhein aumentou nos últimos dois dias, depois que o presidente Jair Bolsonaro, por ciúmes do protagonismo de Mandetta, decidiu retirar do ministério as entrevistas coletivas sobre a situação do avanço do coronavírus no Brasil. Viram, na decisão de Bolsonaro, um claro sinal de retaliação.

 

Os técnicos, agora, não podem mais responder a perguntas de jornalistas. Limitam-se a apresentar os números da situação da Covid-19 no país. É uma tentativa clara de tentar enquadrar as ações do Ministério da Saúde aos pensamentos do Palácio do Planalto, onde se acredita que a pandemia que deixa de um rastro de mortes no mundo é apenas uma “gripezinha”.

 

Pedido de calma

 

Em conversas reservadas com os auxiliares diretos, Mandetta vem pedindo calma a todos, pois o ministério, mesmo cerceado pelo Planalto, tem um trabalho muito sério a fazer, sobretudo em meio à onda de desinformação capitaneada pelo presidente, pelos filhos dele e por adoradores de Bolsonaro nas redes sociais.

 

Mandetta garantiu aos técnicos que resistirá até quando for possível, pois sabe que tem a seu lado importantes integrantes do governo, que claramente discordam de Bolsonaro. O presidente insiste em acabar com o isolamento social, que vem conseguindo segurar a disseminação da Covid-19, alegando defender a preservação da economia.

 

Diante dos apelos do ministro, Gabbardo, Oliveira e Harzhein disseram que ficam e que vão fazer de tudo para manter a população informada. Mas se Mandetta cair, tudo mudará de figura. E é muito provável que outros técnicos da equipe do ministro sigam pelo mesmo caminho.

 

Brasília, 18h31min