Saco de gatos no comando do Sebrae do Rio de Janeiro

Publicado em Economia

Está uma confusão danada no Sebrae do Rio de Janeiro (Sebrae-RJ). Na tarde de quarta-feira (30/09), o diretor-superintendente do órgão, José Domingos Vargas, renunciou ao cargo, explicitando a guerra de poder que se instalou por lá. Ele estava no cargo havia 27 dias. Foi indicado pela Associação Comercial do Rio.

 

A renúncia de Vargas ocorreu logo depois de ele demitir Fernanda Curdi da assessoria jurídica. Ela cuidava de toda a área de licitação do Sebrae-Rio. Fernanda, que chegou a presidir o Detran-RJ e é um dos alvos da Operação Furna da Onça, era apadrinhada pelo diretor Júlio Cezar Rezende Freitas, ligado ao deputado Vinícius Farah, que havia sido preso na mesma operação. Todos fazem parte do grupo de Três Rios.

 

Com a renúncia de Vargas, o Sebrae-Rio passou a ser comandado interinamente por Sérgio Malta, indicado pela Federação das Indústrias do Rio (Firjan) e muito ligado ao PT. Ele tem estreitas relações com o ex-ministro José Dirceu e com o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto. Essa figura de diretor-superintendente interino não está prevista no estatuto do Sebrae.

 

Um rolo atrás do outro

 

O rolo no Sebrae-RJ é enorme. O diretor Júlio Cezar Freitas é indicado pela Fecomércio-RJ, cujo ex-presidente, Orlando Diniz, foi preso dentro da Operação Lava-Jato, acusado de desviar milhões de reais da entidade. O presidente do Conselho Diretor do Sebrae-Rio é o atual chefe da Fecomércio-Rio, Antonio Florencio de Queiroz Junior.

 

Pelas regras do Sebrae-RJ, o comando do órgão deve ser revezado entre representantes do comércio, da indústria e da agricultura. Pelo rodízio, a vez seria dos representantes do campo, mas eles foram atropelados depois de um acordo entre comércio e indústria.

 

Agora, com a renúncia de Vargas, não se sabe que rumo o Sebrae-RJ tomará. Espera-se que o governador do Rio, Wilson Witzel, faça uma intervenção no órgão para botar ordem na casa. Não se pode esquecer que o Sebrae faz parte do Sistema S, alvo do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele já avisou que cortará pelo menos 50% dos recursos destinados ao sistema por falta de transparência.

 

Brasília, 15h51min