Rombo das contas públicas pode chegar a 16,4% do PIB, segundo BTG

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ROSANA HESSEL

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em março seria possível “aniquilar” o coronavírus com R$ 5 bilhões. Mas, diante da realidade dos fatos da pandemia da Covid-19, o governo teve que abrir o cofre para socorrer trabalhadores informais e empresas que podem começar a fechar as portas, na contramão da cartilha ultraliberal defendida por Guedes, que precisará gastar muito mais do que está prevendo.

Pelas estimativas atuais da equipe econômica, o impacto fiscal das medidas já anunciadas para combater os efeitos do coronavírus gira em torno de R$ 285 bilhões. Mas, pelas contas do BTG Pactual essa fatura está em R$ 347 bilhões e deverá aumentar. O banco prevê que o deficit primário do setor público consolidado poderá chegar a 16,4% do PIB se a crise se estender pelo segundo semestre, como as medidas fiscais tenham validade até dezembro.

Isso representaria um rombo de R$ 1,164 trilhão a R$ 1,197 trilhão nas contas combinadas dos governos federal e regionais e das estatais, considerando o PIB nominal entre R$ 7,1 trilhão e R$ 7,3 trilhões neste ano, conforme as previsões do mercado.

De acordo com relatório enviado aos investidores do banco e ao qual o Blog teve acesso, a diferença considera o impacto do auxílio emergencial de R$ 600 com ampliação do número de trabalhadores, conforme a proposta do Senado. Além disso, o BTG considera que a compensação dos fundos de participação dos estados e dos municípios (FPE e FPM) até dezembro, totalizando R$ 40 bilhões em vez dos R$ 16 bilhões registrados pelo governo.

Como a crise resultante da pandemia da Covid-19 ainda não deu sinais de trégua, haverá uma necessidade de as medidas de socorro serem estendidas até dezembro. Nesse caso, haveria um impacto adicional de R$ 597 bilhões nas contas públicas, segundo o documento elaborado pelo economista do BTG Pactual e ex-diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI), Gabriel Leal de Barros. As previsões mais pessimistas do banco consideram um deficit primário de 16,4% do PIB, com a dívida pública bruta do governo geral passaria para 96% do PIB,.

A recessão que está se formando e deverá ser a pior desde a Grande Depressão, de acordo com as estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê retração de 5,3% no PIB do Brasil neste ano, estimativa que começa a ficar otimista diante do agravamento da crise no país.

Vicente Nunes