Gente graúda do governo, especialmente do Ministério da Economia, acredita que, mesmo se dizendo radicalmente contra a proposta do governo de criação de um imposto sobre transações eletrônicas, uma nova CPMF, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, será “engolido” pelo debate. “Rodrigo Maia é quase passado”, diz um integrante da Economia.
Pelo raciocínio dele, dia após dia, Maia se enfraquecerá no debate. Por uma razão simples: já estão correndo a todo vapor as negociações para a escolha do novo presidente da Câmara. Será o nome mais forte à sucessão de Maia que, nos próximos meses, guiará o debate entre os deputados. E se essa pessoa for a favor da nova CPMF, Maia será atropelado.
É com base nesse raciocínio que o ministro Paulo Guedes está se guiando. Tanto, que resolveu tirar do armário, sem qualquer sinal de vergonha, o projeto do imposto sobre transações eletrônicas, mesmo sem combinar o jogo totalmente com o presidente Jair Bolsonaro, que já não está mais tão resistente à proposta.
Governo não quer atropelar sucessão na Câmara
O importante, acredita Guedes e equipe, é o governo não atropelar o processo sucessório na Câmara e no Senado, onde a proposta de retorno da CPMF não tem tanta resistência. Um dos técnicos do ministério acredita que o sucessor de Maia será um representante do Centrão, totalmente fechado com o Palácio do Planalto.
A meta do governo é adiantar ao máximo as discussões da reforma tributária, aproveitar que há clima para se debater a volta de um imposto semelhante à CPMF, que vem sendo associado a questões sociais — garantir mais empregos por meio da desoneração das folhas de pagamentos das empresas — , e encurtar os prazos de aprovação.
“Maia tem agido de forma muito autoritária em relação à proposta de reforma tributária”, diz Guilherme Afif Domingos, assessor especial de Paulo Guedes. Mas, segundo outro integrante do time da Economia, “todo autoritarismo de Maia acabará assim que ele voltar à planície, como ocorreu com todos os ex-presidentes da Câmara”.
Brasília, 16h11min