De pouco vai adiantar a nota de repúdio divulgada pelo presidente Jair Bolsonaro ao ataque de Roberto Jefferson, aliado dele, à Polícia Federal. O ex-deputado, que tem uma ficha corrida enorme, atingiu dois policiais com tiros e granadas ao reagir a um mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Jefferson estava em prisão domiciliar, que foi revogada, e proibido de usar as redes sociais. O ex-deputado representa o que há de pior da milícia que se armou no país, beneficiada pela flexibilização na compra de armas. Bolsonaro patrocinou tal barbaridade.
O ataque de Jefferson, um contumaz fora da lei, é uma afronta ao Estado Democrático de Direito. Não é possível que o país aceite, passivamente, as cenas de barbárie que estamos assistindo. Todo o crime cometido por Jefferson foi premeditado. Ele estava orientando a tumultuar o processo eleitoral a uma semana de os brasileiros voltarem às urnas. Fez o que fez acreditando que sairia como um mártir, o que poderia beneficiar Bolsonaro. Está claro, porém, que o ex-deputado é um bandido, que tem 13 armas em casa, todas registradas como se fossem de um caçador.
Como pode alguém que cumpre prisão domiciliar ter 13 armas em casa? Tudo isso aconteceu aos olhos da Justiça e da sociedade, que se omite ante os absurdos cometidos pelo governo, que incentiva o armamento da população. Assim como Jefferson atacou dois policiais federais, aqueles que estão armados podem sair atirando por se sentirem contrariados. O Brasil está virando uma terra sem lei, de milicianos disfarçados de cidadãos de bem. Muita coisa ruim ainda está por vir. O país caminha para o precipício.
Antes de atacar policiais a tiros e com granadas, Roberto Jefferson desferiu agressões verbais à ministra Cármem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), um absurdo sem tamanho. Foram desferidas palavras chulas a uma representante do Judiciário, uma das mais respeitadas integrantes da alta Corte do país. Jefferson não tem limites em suas ações. É um criminoso que precisa ser retirado do convívio social. Um condenado que confronta as instituições democráticas. É inaceitável que o aliado do presidente Jair Bolsonaro fique impune.