ROSANA HESSEL
A revisão dos dados da balança comercial anunciada pelo Ministério da Economia ajudou o Banco Central a conter a alta do dólar nesta quinta-feira (28/11), em um dia de feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos. A divisa norte-americana encerrou o dia cotada a R$ 4,22 para a venda, registrando queda 1,03% em relação à véspera, quando encerrou com a maior cotação nominal da história, de R$ 4,26.
Após o leilão de US$ 1 bilhão de reservas, realizado pelo BC hoje, a moeda americana chegou a a cair até R$ 4,23, mas voltou a subir pouco antes do anúncio e estava cotada por volta de R$ 4,25 pouco antes de a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, anunciar a correção nos dados de exportações, algo pouco trivial no órgão.
Em função de “problemas técnicos” na transferência dos números de exportação das primeiras quatro semanas de novembro, o valor embarcado foi corrigido em US$ 3,8 bilhões, passando de US$ US$ 9,7 bilhões para US$ 13,5 bilhões. Como o valor das importações foi mantido em US$ 10,8 bilhões, o resultado da balança comercial melhorou. Passou de um deficit de US$ 1,1 bilhão divulgado, divulgado na segunda-feira (28/11), para um superavit de US$ 2,7 bilhões. O ministério também informou que avalia os números de outubro.
“Essa revisão nos dados da balança foi significativa, porque sinaliza que a desaceleração das exportações está em um ritmo menor do que antes. Contudo, a demanda externa está mais fraca, por conta de uma desaceleração do comércio global”, destacou a economista-chefe da Rosenberg Associados, Thais Zara. Ela lembrou que, desde o mês passado, o Banco Central vem realizando leilões, trocando contratos de swap cambial pela linha à vista. “A procura por esse tipo de operação diminuiu nos últimos dias, pois há uma procura maior por moeda em espécie pelas empresas neste fim de ano”, ressaltou.
A forte alta do dólar nesta semana acabou sendo puxada pela frustração do mercado com os dados das exportações, que resultou em um aumento no deficit em conta corrente, para mais de US$ 8 bilhões em outubro e a sinalização de uma continuidade em novembro devido ao deficit da balança comercial deste mês desta semana. E, para piorar, as declarações polêmicas do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o câmbio, uma prerrogativa do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também ajudou a aumentar o nervosismo do mercado.
“A revisão dos dados da balança foi importante para segurar a alta do dólar e ela se somou ao o leilão do Banco Central”, explicou o diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer. Segundo ele, o fato de ser feriado nas bolsas norte-americanas também ajudou a reduzir a tensão no mercado interno, apesar das declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apoiando as manifestações de Hong Kong, que que derrubaram as bolsas internacionais após China ameaçar retaliação.