Um grupo de funcionários do Banco do do Brasil soltou notas nas redes sociais alegando que o resultado da votação que aprovou o plano de recuperação da Cassi foi manipulado. E ameaça recorrer à Justiça. Na avaliação desse grupo, no cômputo geral, não foram levados em consideração os votos em brancos. Com eles, a proposta de capitalização teria sido rejeitada.
Intitulado “Vem pra luta! A Cassi é nossa, o grupo recorre ao segundo artigo do estatuto da operadora de planos de saúde dos empregados do Banco do Brasil. “Para aprovação de reforma estatutária ou de proposta de extinção da Cassi, ou de destituição de membros eleitos dos Conselhos Deliberativo e Fiscal e da Diretoria Executiva, é necessário o quorum de votantes de metade do total de associados registrado no último balancete mensal publicado, mais 1 (um) associado, e, desses, que, no mínimo, 2/3 (dois terços) votem favoravelmente, não computados os votos em branco.”
O grupo vai além: “Fazendo os cálculos: 124.266 (votos totais – 1.161 (votos brancos) = 123.106 x ⅔ = 82.070 seriam os votos necessários para aprovação”. E o resultado foi o seguinte: Votos SIM: 81.982; Votos NÃO: 39.608; Nulos: 1.516; Brancos: 1.161. Portanto, diz o grupo: “A proposta foi rejeitada. Conhecemos nossos direitos e não aceitaremos manipulação!”
Procurada pelo Blog, a Cassi informa que a proposta prevê capitalização de mais de R$ 1 bilhão na Cassi foi, sim, aprovada. Ressalta que a votação seguiu regra fixada pelo Superior Tribunal Eleitoral (TSE), que desconsidera os votos brancos e nulos. Só leva em conta os votos válidos.
Reforço
Pelos cálculos da Cassi, com a proposta aprovada, haverá entrada imediata, em dezembro, de mais de R$ 600 milhões no caixa da operadora. Deste total, R$ 588,1 milhões serão repassados pelo Banco do Brasil. A instituição assumiu o compromisso de pagar, de forma retroativa, como se o novo modelo de custeio estivesse valendo desde janeiro de 2019. Já os associados, contribuirão somente a partir de dezembro, totalizando R$ 24,9 milhões.
O Banco do Brasil concordou, também, em repassar à Cassi R$ 450,9 milhões referente ao Grupo de Dependentes Indiretos (GDI). Esse valor está provisionado no balanço do BB. Garante o ressarcimento de eventual prejuízo da operadora decorrente da utilização do plano por cerca de 2 mil beneficiários que perderam a condição de dependentes após a mudança estatutária de 1996 (pais, ex-cônjuges, etc).
Somados os R$ 588 milhões em aumento de contribuição do BB e os R$ 450 milhões do GDI, chega-se a um valor superior a R$ 1 bilhão em repasses à Cassi. Ou seja, há solução à vista, mas é preciso que a maioria dos associados à Cassi aprove o plano de recuperação.
Certamente, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que decretou direção fiscal na Cassi, terá que se manifestar sobre o imbróglio. Para a ANS, seria um desastre a possível falência da Cassi. Pelo visto, a briga será longa.
Brasília. 20h01min