HAMILTON FERRARI
Principal proteína consumida pelo brasileiro, a carne de frango, que já sofreu com aumentos de preços nos últimos meses, pode ser impactada pelo recente reajuste de 24% no preço do gás natural.
Isso porque o gás é a principal matéria-prima para a produção de amônia, que, por sua vez, é um dos insumos básicos da indústria de lisina, proteína utilizada na ração animal.
Segundo produtores de lisina no Brasil, o recente aumento do gás representou uma diferença de até 5% em seu custo final de produção do insumo, o que equivale a uma despesa extra de R$ 12 milhões por ano.
O problema é que isso acarreta um efeito cascata, que poderá chegar aos fabricantes de ração e aos criadores de aves, podendo pesar ainda mais no prato do brasileiro.
Outro impacto direto do maior custo do gás é a perda de competitividade dos fabricantes de aminoácidos no Brasil. O mais antigo produtor no país, por exemplo, já suspendeu a fabricação de lisina
Não é só: a importação desse insumo da China vem aumentando com frequência, o que pode trazer um risco à sobrevivência dos produtores brasileiros deste insumo.
Segundo Fernando Figueiredo, presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), “em tempos em que o país luta para sair da crise, ganhar competitividade e voltar a crescer, o aumento do custo do gás é um retrocesso, pois, além de pressionar a inflação, as empresas de ração podem acabar optando por importar a matéria-prima, o que desequilibrará a balança comercial do país”.
Brasília, 15h38min