Rachid tenta esvaziar greve na Receita

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O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, está se empenhando como nunca antes para esvaziar a paralisação de servidores do órgão. Ele tenta tirar proveito da divisão entre auditores e analistas tributários para enfraquecer o movimento de greve.

Hoje, logo pela manhã, ele se encontra com representantes do Sindireceita, que reúne os analistas, para pedir que evitem uma greve formal. Esses profissionais já têm feito operações padrões para cobrar do governo o cumprimento do acordo de reajuste assinado em março, ainda da administração de Dilma Rousseff. O projeto sequer foi encaminhado ao Congresso.

Amanhã, os auditores fiscais começam a paralisação. Vão cruzar os braços duas vezes por semana, às terças e às quintas-feiras. Também vão reduzir o trabalho nas aduanas, provocando transtornos à população. Os auditores dizem que já esgotaram todas as conversas com o governo. A única coisa que pode suspender a greve é o envio do projeto que garante reajuste de 27% à carreira e prevê bônus de eficiência.

O Palácio do Planalto está reticente em encaminhar mais projetos de reajustes de servidores ao Congresso. Deve fazê-lo somente depois da aprovação definitiva do impeachment de Dilma. Ontem, o Senado aprovou oito projetos garantido aumento salarial a quase 1,1 milhão de servidores.

Posição da Receita

Assessoria de imprensa da Receita enviou nota ao Blog no qual nega a interferência de Rachid em qualquer movimento feito pelos servidores. Segundo o Fisco, a audiência do Sindireceita “com o secretário Jorge Rachid havia sido solicitada por meio do Ofício nº 59/2016/DAJ/Presidência, em 30 de junho, data anterior ao início do movimento dos auditores-fiscais e analistas-tributários. E o Gabinete da Receita Federal deferiu a solicitação em 4 de julho, agendando a audiência para hoje”.

A Receita esclarece ainda que “o encontro, além de ter sido solicitado em data anterior, tratou de temas específicos de interesse da categoria dos analistas-tributários. O Fisco afirma ainda que não procede a afirmação de que o secretário estaria “se empenhando como nunca antes para esvaziar a paralisação de servidores” ou que a reunião seria “para pedir que evitem uma greve formal”. O órgão acrescenta ainda que Rachid, por problemas de agenda, sequer participou da conversa. “A presidente do Sindireceita foi recebida pelo subsecretário de Gestão Corporativa”.

Brasília, 07h30min, atualizado às 16h10min

Vicente Nunes