R$ 1 mil na poupança demoram 155 anos para se transformar em R$ 1 milhão. Bancos demoram 4,8 anos com cheque especial

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ROSANA HESSEL

As distorções entre os juros cobrados pelos bancos dos devedores e os pagos aos investidores estão cada vez mais impressionantes. Pelos cálculos do Banco Central, ao rendimento de hoje, de 0,37% ao mês, R$ 1 mil aplicados na caderneta de poupança demorariam 155 anos para se transformar em R$ 1 milhão.

Os bancos, porém, levam apenas 4,83 anos para transformar R$ 1 mil em R$ 1 milhão se um cliente ficar dependurado no cheque especial ao longo desse período, pagando juros mensais de 12,75%.

As instituições financeiras também levariam apenas cinco anos para transformar R$ 1 mil em R$ 1 milhão com o cliente pagando 12,25% ao mês no rotativo do cartão de crédito.

Não por acaso, há uma pressão dentro do Ministério da Economia para que se promova mudanças na estrutura dos juros dos bancos, interferindo na composição do spread, que é a diferença entre o que os bancos pagam aos investidores e o que cobram dos devedores.

Chamou muito a atenção do governo a nova rodada de alta dos juros cobrados pelos bancos dos consumidores. Dados do BC apontam que, em junho, a taxa média do cartão de crédito rotativo para pessoas físicas subiu de 299,8% para 300,1% ao ano.

Já a taxa média do cheque especial, segundo o BC, saltou de 320,9%, em maio, para 322,2% ao ano, em junho de 2019. Nos seis primeiros meses deste ano, a alta foi de 9,6 pontos percentuais.

Brasília, 11h35min

Vicente Nunes