Num debate com decibéis muito acima do normal no Congresso, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, afirmou, na quarta-feira (10/04), que a oposição liderada por Alberto Núñez Feijóo está imitando o bolsonarismo e o trumpismo, disseminando o ódio e atrapalhando o país.
Para o líder espanhol, do Partido Socialista (Psoe), há uma clara disposição de Feijóo de dividir a Espanha, estimulando uma polarização que só tende a prejudicar a população, sobretudo a que necessita mais do Estado.
Em resposta, Feijóo, que é de direita, disse que Sanchez defende ditadores como Nicolás Maduro, da Venezuela, e tem promovido retrocessos na Espanha, agravando as mazelas sociais.
Mesmo tendo ficado em segundo lugar nas últimas eleições, Sanchéz conseguiu formar maioria no Parlamento para continuar à frente do governo espanhol. Ele repetiu o modelo da geringonça que vigorou em Portugal recentemente.
Na base de apoio de Sánchez, há dois partidos de direita, um, o Junts, que prega a independência da Catalunha, outro, o PNV, que representa o País Basco. Ambas as legendas preferiram se aliar ao socialista em vez de dar apoio ao Partido Popular (PP) de Feijóo, que venceu nas urnas.
A razão é simples: esses dois partidos temem que o PP acabe fechando um acordo com o VOX, de extrema-direita, que é contra os movimentos separatistas da Catalunha e do País Basco.
É nesse jogo de interesses que Sánchez faz malabarismo diário para manter unida a pequena maioria que detém no Parlamento. O grande teste para o primeiro-ministro espanhol virá das eleições regionais, já que o Partido Socialista vem conversando com adversários de legendas que estão na atual aliança. Esse descompasso é visível, sobretudo, no País Basco.