ROSANA HESSEL
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou avanço de 1,04% no mês de janeiro de 2021, na comparação com o mês anterior, conforme os dados dessazonalizados da autoridade monetária divulgados nesta segunda-feira (15/03). Foi o nono mês seguido de crescimento. Contudo, sem esse ajuste que compensa as variações sazonais, o dado ficou negativo em 0,46% na mesma base de comparação..
O resultado do IBC-BR, indicador conhecido como “prévia do PIB (Produto Interno Bruto)”, ficou acima das expectativas do mercado, cuja mediana das estimativas girava em torno de 0,5% no dado dessazonalizado. “Estes números são um alento, mas mostram quanto ainda falta para avançar a economia do país. Um número bom desse na véspera do Copom (Comitê de Política Monetária) pode ajudar a criar o clima para subir a taxa básica”, avaliou André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos. Ele estava prevendo alta de 0,5% no indicador.
A segunda reunião do Copom do ano começa amanhã e termina na quarta-feira. As apostas do mercado são de que os diretores do BC retomarão um novo ciclo de alta da taxa básica de juros (Selic), que, atualmente, está em 2% ao ano, o menor patamar da história. A meta de inflação para este ano determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3,75% com teto de 5,25%.
A maioria das projeções do mercado aponta que o Copom deverá decidir elevar a Selic em 0,50 ponto percentual. E, apesar de a mediana das estimativas do Focus para a Selic no fim do ano passar de 4% para 4,5% anuais, grandes bancos, como o Itaú Unibanco, estimam que a taxa básica de juros encerrará o ano em 5,5%.
Piora nas projeções
Apesar dessa largada mais positiva do IBC-Br em janeiro, as projeções do mercado estão em pleno processo de revisão para pior, devido ao aumento de incertezas em relação à retomada da atividade econômica ao longo do ano em meio ao agravamento da segunda onda de contágios da pandemia de covid19 que colocou o Brasil no epicentro global. E, ao mesmo tempo, o processo de vacinação da população caminha lentamente e, em alguns estados, está sendo interrompida pela falta de imunizante enquanto as vagas para os pacientes nos hospitais públicos e privados estão cada vez mais escassas.
A mediana das estimativas do mercado para a inflação oficial de 2021 medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), passou de 3,98% para 4,6%, de acordo com dados do relatório semanal Focus, do BC, também divulgado hoje e baseado nas pesquisas junto a 125 economistas. É a décima alta consecutiva na previsão e vários analistas já começam a prever um cenário de recessão técnica no primeiro trimestre do ano, quando há dois trimestres seguidos de queda, e, com inflação em alta, o quadro poderá ser o pior dos mundos: o de estagflação, quando não há crescimento econômico, mas a carestia continua corroendo o poder de compra da população.
De acordo com o boletim Focus, a mediana das projeções do mercado para o crescimento do PIB deste ano teve a segunda queda consecutiva, para 3,23%, abaixo da expectativa de alta de 3,26%, na semana anterior.
Analistas continuam prevendo uma taxa de câmbio mais desvalorizada e elevaram as projeções para o dólar frente ao real pela quarta semana seguida e, agora, a mediana chega a R$ 5,30, acima dos R$ 5,15 apontados na semana anterior. A divisa norte-americana cada mais valorizada ajuda ainda mais a pressionar os preços no atacado, principalmente, dos alimentos e da gasolina, os principais vilões da inflação. Não à toa, as projeções do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), usado na correção do aluguel e que sofre forte influência da variação do câmbio, passaram a rodar na casa de dois dígitos, de 11,02%, após 10 semanas de alta.