A eleição de um candidato extremista pressionaria o preço do dólar e provocaria uma fuga de recursos do país. Além disso, a piora do ambiente internacional afetaria o valor da divisa norte-americana. A forte recuperação dos Estados Unidos, com a taxa de desemprego comportada e dados de atividade surpreendendo positivamente, pode pressionar os índices de preços da maior economia do mundo.
O risco é de que o Federal Reserve (Fed) esteja atrás da curva de juros, o que evidenciaria a necessidade de aumentar a taxa mais rápido do que o esperado. Entre os analistas, a estimativa é de que o FED eleve os juros em três oportunidades. A inflação nos Estados Unidos deve voltar em algum momento e, se houver alguma surpresa, o Federal Reserve teria de tomar medidas para evitar que a variação de preços seja superior à meta. No Brasil, novamente, os impactos seriam sobre o dólar.
Com alta de juros na maior economia do mundo, os investidores procuram proteção nos títulos do Tesouro norte-americano. A aprovação da reforma da Previdência mitigaria qualquer um desses efeitos, já que o país sinalizaria concretamente ao mercado que está comprometido com o reequilíbrio das contas públicas.
Inflação
Apesar dos riscos externos, a inflação deve permanecer controlada ao longo de 2018, o que favorecerá a taxa de juros a chegar em um patamar baixo em 2019. Dados do Banco Central (BC) mostram que a inflação projetada para os meses de setembro, outubro e novembro deste ano seria de 1,04%. Entretanto, o resultado observado chegou a 0,86%, o que levou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), nos últimos 12 meses, a 2,80%. O índice acumulado em 12 meses até fevereiro de 2018 chegaria a 3,09%. Até os mais otimistas, que apostam que o BC levará os juros para abaixo de 7%, acreditam que haverá espaço para uma queda maior.
O diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, um dos primeiros a projetar juros de 6,75% em 2018 começa a ver espaço maior para a flexibilização adicional da política monetária. “Estamos achando que há espaço para cortar para 6,25% ou 6,50% no início do próximo ano a julgar pelo quadro favorável de inflação e pela recuperação moderada da atividade”, diz. Com isso, a Selic chegariam em 2019 no menor nível da história.
Brasília, 14h12min