Pressão de empresários por corte maior dos juros chega ao Planalto

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Em meio às dificuldades que vem enfrentando para levar a reforma da Previdência Social adiante — ainda há dúvidas se realmente o governo conseguirá votar e aprovar na Câmara, em primeiro turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) até o fim de maio–, os empresários fizeram chegar ao Palácio do Planalto suas queixas contra os juros altos.

Os empresários têm pedido ao presidente Michel Temer que sensibilize o Banco Central a ser um pouco mais ousado na condução da política monetária. Alegam que a inflação cedeu muito — inclusive o BC vem errando todos os meses as projeções, sempre apostando em números maiores do que os mostrados pelos índices de preços — e que os estragos das recessão continuam presentes, sobretudo no mercado de trabalho.

Nas reclamações, os empresários deixam claro que ninguém está pedindo “intervenção”, apenas uma “conversa” com o BC para que os juros caiam mais rápido. Os empresários também pedem que a autoridade monetária seja mais enfática na sua agenda para forçar os bancos a reduzirem os custos de empréstimos e financiamentos.

Descompasso dos bancos

Como bem ressaltou um dos empresários com trânsito no Planalto, “de nada adianta o BC cortar os juros e se os bancos não fizezem o mesmo”. Os empresários mostraram a assessores de Temer que, em muitas das linhas de crédito oferecidas pelos bancos, os juros subiram em vez de caírem, numa direção totalmente oposta à tomada pelo BC desde outubro do ano passado.

Os empresários mostraram que até mesmo os bancos públicos, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, elevaram taxas de algumas operações, dificultando o acesso a recursos importantíssimos para a retomada dos investimentos e, por tabela, da economia.

Para o empresariado é vital que os juros caíam mais rápido e atinjam um dígito até o meio do ano. Para que isso aconteça, no fim de maio, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá, a taxa básica (Selic) teria que cair 1,5 ponto percentual, o que levaria o custo inicial do dinheiro dos atuais 11,25% para 9,75% ao ano.

Ninguém acredita que o BC fará isso. A aposta majoritária do mercado é de que a Selic cederá 1 ponto percentual no fim deste mês, para 10,25%. Na melhor das hipóteses, os juros podem ceder 1,25 ponto, para 10%.

Uma coisa é certa: nas próximas semanas, mesmo com toda a confusão em torno da votação das reformas, os juros entrarão com tudo no debate. É esperar para ver.

Brasília, 10h17min

Vicente Nunes