Para os mais pobres, porém, o resultado calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) está muito longe de trazer um conforto. A razão é simples: os preços dos alimentos continuam subindo.
Quando são abertos os dados do IPCA de julho, vê-se forte queda nos valores dos combustíveis e da energia elétrica, que tiveram os impostos reduzidos temporariamente por meio de projeto aprovado pelo Congresso.
Em compensação, houve incremento no ritmo de reajustes do grupo alimentação e bebidas. Em junho, o reajuste médio desse conjunto de produtos havia sido de 0,80%. Em julho, saltou para 1,30%.
Como dizem especialistas do mercado, a deflação em nada muda a vida das famílias mais pobres, pois elas não comem carro nem bebem gasolina. O que interessa para elas são os preços nas gôndolas dos supermercados.
Descompasso nos preços
Pelos cálculos dos IBGE, dos nove grupos de preços pesquisados, apenas dois, transportes e habitação, que pegam os impactos da redução no valores dos combustíveis e das tarifas de energia, apontaram queda em julho. Os outros sete tiveram alta.
Técnicos do IBGE chamam a atenção para as comparações que importam: enquanto o preço da gasolina teve redução média 15,48%, o litro do leite longa vida ficou 24,46% mais caro em julho Já o valor do etanol recuou 11,38%, mas o queijo subiu 5,28% e a manteiga 5,75%.
Os mesmos técnicos do IBGE destacam, ainda, que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede o custo de vida das famílias com renda de até cinco salários mínimos, teve deflação menor em julho, de 0,60%, justamente porque os alimentos pesam mais no seu cálculo.
Dentro desse indicador, usado como referência para os reajustes salariais e de aposentadorias e pensões, o grupo alimentação e bebidas apontou aumento médio de 1,31% em julho, depois de alta de 0,78% no mês anterior.
No entender de especialistas, mesmo com os índices de preços em deflação, ainda levará tempo para que as famílias de mais baixa renda possam sentir algum alívio da inflação.
O que se verá nos próximos meses é uma certa euforia com o recebimento do Auxílio Brasil de R$ 600 por mês, cujo impacto poderia ser maior não fosse a carestia dos alimentos.