Todas as atenções do Palácio do Planalto estão voltadas para a soltura do ex-presidente Lula, com base em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de proibir a prisão em segunda instância.
Mesmo estando em Goiânia, onde participa de cerimônia para entrega de ônibus escolares, o presidente Jair Bolsonaro foi avisado de todos os passos do petista. Ele recebeu um telefonema na hora em que o juiz o juiz Danilo Pereira Jr, da 12ª Vara Federal de Curitiva, atendeu o pedido da defesa de Lula, feito com base no novo entendimento do STF.
No meio da tarde desta sexta-feira, 8 de novembro, o Planalto foi informado de que a soltura de Lula já havia sido expedida pela Justiça. O ex-presidente já estaria prestes a deixar a cela que ocupa em Curitiba desde abril de 2018.
A apreensão no entorno de Bolsonaro é grande, ainda que a maioria dos auxiliares do presidente acredite que será bom para o governo a radicalização entre a esquerda e a direita.
O Planalto prevê que parte da direita que abandonou Bolsonaro voltará a se aliar a ele. Aliados de Bolsonaro acreditam ainda que a radicalização entre os dois polos vai minar as candidaturas de centro.
Contagem regressiva
Entre os petistas, o clima é de festa. A contagem regressiva no partido já começou. Há, no entanto, uma discussão em torno do tom que deverá ser usado pelo ex-presidente após deixar a cadeia.
Uma coisa é certa, ressaltam aliados de Lula, ele vai criar muitos problemas para o governo, sobretudo ao adotar um discurso mais voltado para o social, sobretudo nas regiões mais pobres do país, que sofrem mais com o desemprego.
A piora dos indicadores sociais — o país ostenta hoje 13,5 milhões de pessoas vivendo na extrema pobreza — alimenta o discurso de Lula contra o liberalismo do governo Bolsonaro. Resta saber se as pessoas que votaram em Bolsonaro em protesto ao PT retornarão para os braços do ex-presidente.
Não é segredo para ninguém que muitos eleitores de Bolsonaro estão arrependidos com a forma como ele vem conduzindo o governo, especialmente por priorizar os filhos em muitas decisões.
Em mais de 10 meses de governo, Bolsonaro não economizou na polêmicas. Inclusive, seu partido, o PSL, está à beira da implosão graças à ação do presidente e dos filhos dele.
Brasília, 15h47min, atualizada às 16h27min