Segundo Volpon, a combinação de expansão mais lenta da atividade com inflação menor permitirá o Comitê de Política Monetária (Copom) a avançar o sinal na reunião deste mês sem colocar em risco o controle dos preços. O economista diz que a porta para a redução dos juros foi fechada pelo BC, mas não está lacrada. Ele estima crescimento econômico de 3,3% para este ano, acima da média do mercado, que projeta 2,9%.
Há boas e más notícias no resultado do PIB de 2017, que avançou 1%. A melhor delas, que os investimentos produtivos interromperam uma longa sequência de quedas trimestrais. Nos últimos três meses do ano passado, a formação bruta de capital fixo cresceu 2% ante os três meses imediatamente anteriores. Isso, no entanto, não impediu que a taxa de investimentos em relação ao PIB cedesse para 15,6%, o menor nível da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A má notícia é que consumo das famílias perdeu força. Os lares se aproveitaram da liberação de recursos extras, como os das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), e da forte queda da inflação para irem às compras. Essa disposição foi vital para tirar o país da recessão. Agora, porém, o poder de compra está se esgotando, mesmo com a inflação permanecendo baixa. No último trimestre de 2017, o consumo das famílias subiu 0,1% frente aos três meses anteriores.
O que as famílias precisam, agora, é de emprego e de crédito. Há 12,7 milhões de pessoas sem trabalho no país e quase 14 milhões subempregadas. Com esse exército de trabalhadores sem condições de levarem dinheiro para casa, fica difícil pensar em um consumo forte e consistente. Além disso, os bancos, em vez de reduzirem as taxas de juros de empréstimos e financiamentos, as elevaram. Sem crédito a juros mais acessíveis, não há como se falar em aumento das compras de bens de consumo.
Portanto, ainda há muitos nós a serem desatados para se falar em crescimento mais forte da economia. É possível que, em vez de reverem para cima as projeções de expansão do PIB em 2018, os especialistas tenham que ajustá-las para baixo, para mais próximo de 2,5% e não de 3%, como alardeia o governo.
Brasília, 12h26min