O resultado ficou abaixo da prévia do PIB do Banco Central, o IBC-Br, de 9,47%, frustrando a maioria das estimativas do mercado, cuja mediana estava em 8,8%. “O resultado mostrou recuperação da economia brasileira, mas aquém do esperado e do suficiente para se considerar uma volta em V”, afirmou Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, que estava entre os mais otimistas, esperando alta de 9,2% no PIB do terceiro trimestre. Após o resultado do IBGE, Vale revisou as projeções e alterou de 3,8% para 4,3% a estimativa de queda do PIB neste ano, e de 2,2% para 2,6% a expectativa de crescimento da economia no ano que vem.
Com essa alta entre julho e setembro, a atividade econômica interrompe a recessão técnica compreendida pelas duas quedas consecutivas, na comparação na margem (em relação ao trimestre anterior), contudo, não é suficiente para interromper o tombo de mais de 11% do primeiro semestre do ano devido à crise provocada pela pandemia de covid-19. O crescimento do trimestre, segundo o IBGE, foi a maior variação desde o início da série em 1996.
Na comparação com o terceiro trimestre de 2019, a queda foi de 3,9%, e, no acumulado dos quatro trimestres terminados em setembro, houve queda de 3,4% frente aos quatro trimestres imediatamente anteriores.
Em valores correntes, o PIB do terceiro trimestre de 2020 totalizou R$ 1,891 trilhão, sendo R$ 1,627 trilhão em valor adicionado (VA) a preços básicos e R$ 264,1 bilhões em tributos.
A taxa de investimento no terceiro trimestre de 2020 foi de 16,2% do PIB, ficando praticamente estável em relação a observada no mesmo período de 2019 (16,3%), segundo dados do IBGE.
A agropecuária caiu 0,5%, a indústria teve alta de 14,8% e os serviços subiram 6,3%. Entre as atividades industriais, destaca-se o crescimento de 23,7% das indústrias de transformação. No setor serviços, houve crescimento em todos os segmentos, com destaque para comércio (15,9%) e transporte, armazenagem e correio (12,5%),
Pela ótica da despesa, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), termômetro dos investimentos, cresceu 11% em relação ao trimestre imediatamente anterior. A despesa de consumo das famílias teve expansão de 7,6% e o consumo do governo cresceu 3,5%.
Conforme os dados do IBGE, no acumulado do ano até o terceiro trimestre de 2020, o PIB caiu 5,0% em relação a igual período de 2019. Nesta comparação, a agropecuária cresceu 2,4%. Enquanto isso, a indústria encolheu 5,1% e os serviços registraram queda de 5,3%.