PIB cresce 4,6% em 2021, depois do tombo de 2020

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ROSANA HESSEL

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 4,6% em 2021, conforme dados divulgados, nesta sexta-feira (4/3), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em relação ao patamar pré-pandemia, o PIB ficou 0,52% acima do nível registrado no quarto trimestre de 2019, “mas continua 2,8% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014”, informou o órgão ligado ao Ministério da Economia.

Os números do IBGE mostram que, nos últimos três meses do ano, o PIB avançou 0,5% em relação aos três meses imediatamente anteriores, interrompendo o ciclo de dois trimestres negativos que configurava uma recessão técnica. Em 2020, por conta da recessão global provocada pela pandemia da covid-19, o PIB brasileiro encolheu 3,9%, em valores revisados pelo IBGE. Em relação ao quarto trimestre de 2020, o PIB cresceu 1,6%.

Indústria e serviços puxaram o crescimento do PIB em 2021 pelo lado da oferta, registrando altas de 4,5% de de 4,7%, respectivamente. Já a agropecuária encolheu 0,2% no ano passado. Os dados do IBGE ainda apontam, pelo lado da demanda, alta de 3,6% no consumo das famílias e de 2% nas despesas do governo. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) teve salto de 17,2% no ano. As exportações de bens e serviços cresceram 5,8% e as importações, 12,4%.

Em 2021, o PIB brasileiro somou R$ 8,7 trilhões, com o PIB per capita chegando a R$ 40.688,10, avanço real de 3,9% ante o ano anterior, segundo dados do órgão, que apontou não recuperou totalmente a queda -4,6% em 2020.

A taxa de investimento ficou em 19,2% do PIB, acima dos 16,6% observados no ano anterior. Já a taxa de poupança passou de 14,7% do PIB, em 2020, para 17,4%, em 2021.

O dado divulgado pelo IBGE ficou em linha com a mediana das estimativas do mercado coletadas no boletim semanal Focus, do Banco Central, que previa alta de 4,5% para o indicador de formação de riquezas do país.

Para este ano, no entanto, a projeção do mercado é de uma desaceleração do ritmo para alta de 0,3%. Contudo, analistas reconhecem que o desempenho do PIB pode recuar 0,5%, como já apontavam as projeções de grandes bancos, como Itaú Unibanco e Credit Suisse, mesmo antes da invasão da Ucrânia pela Rússia.

Agora, dependendo do período que durar essa guerra, o cenário que está sendo cogitado é o de estagflação — o pior dos mundos na teoria econômica, quando não há crescimento e os preços não param de subir –, especialmente, nesse momento de disparada de alta das commodities e nova perspectiva de desaceleração global por conta da guerra no Leste Europeu deflagrada pela Rússia.

Conforme os dados do IBGE, na comparação ao terceiro trimestre de 2021, na série com ajuste sazonal, do lado da oferta, a agropecuária e os serviços cresceram 5,8% e 0,5%, respectivamente, enquanto a Indústria recuou 1,2%. E, do lado da demanda, o consumo das famílias cresceu 0,7% e os investimentos, medido pela taxa de FBCF, avançaram 0,4%. O consumo do governo teve expansão de 0,8% em relação aos três meses anteriores. Já as exportações encolheram 2,4% na mesma base de comparação, e as importações, cresceram 0,5%.

Vicente Nunes