HAMILTON FERRARI
Em meio à pressão do governo para que os preços dos combustíveis sejam reduzidos, a Petrobras anunciou que baixará os valores do diesel e da gasolina nas refinarias a partir desta quarta-feira (23/05). Segundo o presidente da estatal, Pedro Parente, não houve intervenção do Palácio do Planalto na medida. Os preços, garante ele, caíram porque o dólar recuou após intervenção do Banco Central no mercado de câmbio.
A redução dos preços dos combustíveis foi feita pela Petrobras por meio de um comunicado ao mercado. Assim que tomaram conhecimento, os investidores derrubaram os preços das ações da companhia na Bolsa de Valores. Eles temem que se repita com a Petrobras o que ocorreu no governo de Dilma Rousseff.
Conforme o comunicado da petroleira, o diesel será reduzido em 1,54%, para R$ 2,3351 por litro nas refinarias. É a primeira redução desde 12 de maio. Já a gasolina ficará 2,08% mais barata, vendida nas refinarias a R$ 2,0433 por litro, a primeira redução desde 3 de maio.
Logo após reunião no Ministério da Fazenda nesta terça-feira (22/05), Pedro Parente garantiu que não haverá mudança na política de preços de combustíveis da estatal. De acordo com ele, o governo federal convocou uma reunião técnica sobre o tema para obter informações sobre a “dinâmica de mercado”. Participaram do encontro os ministros da pasta, Eduardo Guardia, e de Minas e Energia, Moreira Franco. “Na abertura da reunião foi logo esclarecido que, de maneira nenhuma, o objetivo seria o governo pedir qualquer mudança na política de preços da Petrobras”, disse.
Nesta segunda-feira (21/5), pelo menos 20 estados e o Distrito Federal registraram protestos de caminhoneiros contra os altos preços da gasolina e do diesel. O movimento fez o presidente Michel Temer convocar uma reunião de emergência durante a noite no Palácio do Planalto. Há uma grande preocupação do Executivo quanto à insatisfação com os preços dos combustíveis, já que a redução da inflação é um dos principais argumentos para a melhora da economia. A princípios, duas medidas poderiam ser estudadas: a mudança de metodologia de preços da Petrobras, que estabelece os valores nas refinarias, e a redução de impostos.
Pedro Parente afirmou que a política de preços da estatal se baseia na variação do petróleo no mercado internacional e do câmbio, ambos com cotações em alta. O barril tipo brent chegou a superar os US$ 80 na última semana, valor que não era alcançado desde 2014. Já a moeda norte-americana se aproximou de R$ 3,80 na última sexta-feira (18/5).
“É reconhecida que (a alta dos combustíveis) é uma consequência dos preços internacionais e do câmbio, portanto, não houve discussão em relação à política de preços da Petrobras. Está exatamente como estava antes. Sem mudanças”, pontuou o presidente da Petrobras. Ele disse que o governo federal poderia considerar “eventuais medidas” de acordo com as informações da dinâmica de mercados. “Poderiam ser discutidas posteriormente, mas não dentro do âmbito da Petrobras”, garantiu.
Sobre possíveis mudança na tributação, o presidente da Petrobras declarou que isso é da “alçada” do governo e que não cabe a ele tratar sobre isso. Parente também comentou a decisão de reduzir os preços dos combustíveis nas refinarias, anunciada nesta terça-feira (22/5). Os novos valores vão valer a partir de amanhã. Questionado se a diminuição foi uma pressão do governo, o presidente da estatal alegou que houve um importante recuo do câmbio na segunda-feira (21/5).
“É prova de que essa política funciona na direção tanto de subir os preços quanto de cair os preços. O Banco Central agiu, interveio com mais intensidade no mercado, houve uma redução de câmbio e isso foi refletido no preço de combustíveis”, disse Parente, sobre a maior oferta de swap cambial pelo BC para evitar a disparada da moeda americana.
Brasília, 11h05min