CBPFOT230620100055 22/06/2010. Crédito: Carlos Moura/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Pessoas na recepção do hotel, Setor Hoteleiro, em Brasília.

PAS: Rendimento de trabalhadores do setor de serviços encolhe 10,7% entre 2011 e 2020

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

Em uma década, o salário médio dos profissionais do setor de serviços – o que mais emprega e que mais pesa no Produto Interno Bruto (PIB) – encolheu 10,7%, entre 2011 e 2020, passando de 2,5 salários mínimos para 2,2, conforme dados da Pesquisa Anual de Serviços (PAS), divulgada nesta quarta-feira (24/8), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apenas o Sudeste registrou renda acima da média nacional.

 

A PAS retrata as características estruturais da oferta de serviços não financeiros pelas empresas brasileiras. A comparação de resultados de 2020 com os de 2011 tem como objetivo identificar mudanças estruturais ao longo dos últimos 10 anos. No entanto, considerando o ano atípico de 2020 – primeiro ano da pandemia da covid-19 – e seus potenciais efeitos econômicos, excepcionalmente, também serão realizadas comparações com o ano de 2019, segundo o órgão. 

 

A pesquisa revela que todas as regiões do país tiveram queda nos salários. As regiões  Sudeste, Norte e Centro-Oeste apresentara mas maiores perdas, de 0,3 do salário mínimo. O Sul e o Nordeste perderam 0,2 do salário mínimo no mesmo período. A região Nordeste possui a menor renda média, de 1,6 salário mínimo. O Sudeste foi a única região que registrou rendimento acima da média nacional, de 2,5 salários mínimos, mas abaixo dos 2,8 de 2011.

 

Os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro registraram a maior média de rendimentos, de 2,6 salários mínimos em 2020, abaixo dos 2,9 e dos 3 pisos que eram pagos, respectivamente, em 2011. Já o Distrito Federal, registrou a segunda maior média salarial de 2020, de 2,5 pisos, contudo, abaixo dos 2,9 de 2011, de acordo com dados do IBGE.

 

Entre 2011 e 2020, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais permaneceram nas três primeiras posições do ranking nacional de participação de receitas do setor de serviços no país. Apenas São Paulo respondeu por 67,5% do faturamento na região, dado acima dos 64,7% contabilizados em 2011.

 

De acordo com dados do IBGE, a região Sudeste foi a única a obter ganhos de participação de receita bruta, em número de empresas, em pessoal ocupado, em salários, retiradas e outras remunerações. A região registrou o maior ganho de participação em pessoal ocupado (com alta de 1,5 p.p. entre 2011 e 2019), salários, retiradas e outras remunerações (com elevação de 1,9 p.p.) e receita bruta de serviços (0,9p.p.).

 

Na comparação entre 2019 e 2020, a região Sudeste ganhou em participação em receita bruta (1,5 p.p.), em pessoal ocupado e salários (0,8 p.p.) e em salário, retiradas e outras remunerações (1,2 p.p.). O Nordeste, por sua vez, foi a região que sofreu as maiores perdas nas mesmas variáveis, de -0,7 p.p., -0,7 p.p. e -0,9 p.p., respectivamente.

 

A série histórica da receita operacional líquida mostra a trajetória da participação dos segmentos na geração de receitas da pesquisa em 10 anos. Entre 2011 e 2020, o destaque foi a perda de participação de Serviços de informação e comunicação, com queda de 4,3 pontos percentuais. Mas, entre 2019 e 2020, houve quatro pontos de destaque: os ganhos de participação de serviços profissionais, administrativos e complementares (de 1,7 p.p.), fizeram o segmento ser o principal do setor. 

 

 

Participação de pessoal ocupado

 

O segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares foi o que mais cresceu, em termos de participação no total do emprego, com alta de 2,3 pontos percentuais na década pesquisada. Enquanto isso, o de serviços prestados às famílias teve o maior recuo no mesmo período, de 2,3%. 

 

O número de empresas do setor de Serviços caiu 1,1% em 2020 frente a 2019, enquanto o pessoal ocupado recuou 2,4%. Nesse mesmo intervalo, o setor de serviços prestados principalmente às famílias teve a maior queda proporcional em número de empresas, de 14,3%.

 

Entre 2019 e 2020, a atividade de seleção, agenciamento e locação de mão-de-obra foi a que registrou o maior aumento no número de pessoas, 143,1 mil em quantidade de e em percentuais (22,2%). A atividade de serviços de alimentação registrou o maior volume de perdas de pessoas (329,2 mil pessoas), e, em termos percentuais, a atividade de de agências de viagens, operadores turísticos e outros serviços de turismo teve a maior queda, de 28,4%.

 

Em 2020, o setor de serviços tinha 1,4 milhão de empresas, que geraram R$ 1,8 trilhão em receita operacional líquida e R$ 1,1 trilhão de valor adicionado. O setor empregava 12,5 milhões de pessoas, que receberam R$ 373,5 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações.

 

A PAS constitui a mais importante fonte de informações sobre as empresas prestadoras de serviços não-financeiros do país e subsidia o planejamento e decisões de órgãos governamentais e privados, para a comunidade acadêmica e a sociedade em geral.

 

Renda também encolhe no DF

 

No período de 2011 a 2020, os indicadores estimados pela pesquisa apresentaram aumentos para o Distrito Federal, a exceção do salário médio mensal pago pelas empresas de serviços, que passou de 2,9 para 2,5 salários mínimos na década. O número de empresas ativas no setor de serviços teve aumento de 8,9 mil (36,6%) no mesmo período, enquanto o número de pessoas ocupadas nestas empresas cresceu 42,4 mil (14,0%). Apesar disso, estes dois últimos indicadores registraram os menores percentuais de aumentos na comparação com os demais entes federativos do Centro-Oeste.

 

Do ponto de vista da receita bruta de serviços, houve uma alteração estrutural ao longo dos 10 anos  analisados. Em 2011, o segmento de serviços de informação e comunicação ocupava a primeira colocação com 33,8 % da receita bruta. No entanto, essa colocação, em 2020, passou a ser ocupada pelo segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares.

 

De acordo com a pesquisa, a atividade de prestação de serviços não financeiros reuniu 33,1 mil empresas ativas atuantes no Distrito Federal em 2020, as quais foram responsáveis por ocupar 345,2 mil pessoas e pagaram R$ 11,6 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações. A receita bruta de serviços foi estimada em R$ 49,4 bilhões.

 

Em 2020, comparativamente a 2019, o saldo de pessoal ocupado no setor de serviços foi negativo no Distrito Federal, com perda de 4,8 mil pessoas ocupadas. A maior queda (-10,7%) foi observada no segmento de serviços de informação e comunicação (como telecomunicações e tecnologia da informação), seguida pela queda de 9,5% no segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (como transporte rodoviário de passageiros e de cargas e transporte aéreo). Apesar disso, houve aumento de 6,4 mil empresas ativas de prestação de serviços em 2020, em relação ao ano anterior, inclusive alcançando o maior valor (33,1 mil) da série de 10 anos.

 

No caso do Distrito Federal, são apresentados neste informativo os principais resultados das empresas prestadoras de serviços não financeiros no DF em 2020, cujas atividades podem ser divididas em sete grandes segmentos: serviços prestados principalmente às famílias; serviços de informação e comunicação; serviços profissionais, administrativos e complementares; transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio; atividades imobiliárias; serviços de manutenção e reparação; e outras atividades de serviços. Dentro desses segmentos, a PAS cobre 34 atividades, formadas por agrupamentos da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (Cnae 2.0).