Na conversa que teve com o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, Temer ouviu boas notícias sobre a economia brasileira, especialmente no que se refere à inflação. Ilan mostrou que o custo de vida está em queda livre e pode, sim, fechar este ano abaixo do centro da meta, de 4,5%. Isso, segundo o comandante do BC, permitirá que os juros caiam por todo este ano e em parte de 2018, quando a inflação deve se situar em torno de 4%, ou seja, também abaixo de centro da meta.
Na convesa com Temer, Ilan ressaltou que há incertezas vindo do mercado internacional, sobretudo dos Estados Unidos, mas nada que possa ensejar uma crise com potencial para provocar grandes estragos na economia global. Os dois discutiram ainda sobre a importância de o governo garantir a aprovação, o mais rapidamente possível, da reforma da Previdência, pois já se começa a perceber uma certa inquietação nos mercados quanto à possibilidade de o governo fracassar em seu propósito. Temer garantiu que fará o que for possível para que a reforma seja aprovada até julho, com o mínimo de alterações no projeto original.
Dentro do Palácio do Planalto, porém, a visão é de que, mesmo com todos os prognósticos positivos apresentados por Ilan Goldfajn, a retomada da economia está cada vez mais distante. Além de o consumo estar enfraquecido pelo elevado endividamento das famílias, as empresas continuam reticentes em investir. Não só porque muitas delas estão quase quebradas, mas também porque continuam receosas com o quadro político. Algumas companhias, inclusive, já incluem em seus cenários as incertezas quanto às eleições de 2018.
Assessores de Temer ressaltam que, ante as dificuldades da economia, a projeção de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) de 0,5% neste ano anunciada pelo Ministério da Fazenda, é até otimista. “A Operação Carne Fraca adicionou mais incertezas à economia. Não contávamos com isso. O baque na atividade está sendo grande”, ressalta um dos assessores do presidente. Há, ainda, a questão fiscal, que voltou a gerar desconfiança. “Acreditávamos que, na economia, as coisas estavam transitando, mesmo que lentamente, no terreno positivo. Mas não é bem assim. Tudo continua ruim, consumo, investimentos, produção, fiscal”, acrescenta.
Apesar desse diagnóstico, o consenso no Planalto é de que o BC cortará os juros em, no máximo, um ponto percentual em abril, para 11,25% ao ano “Esse é o maximo da ousadia que podemos esperar do Banco Central”, afirma outro auxiliar de Temer.
Brasília, 18h30min