Para governo, economia continua blindada da crise política

Compartilhe

Integrantes do alto escalão do governo estão convencidos de que a turbulência política que sacode Brasília não contaminou a economia. Muito pelo contrário. Os indicadores que têm surgido a cada semana têm mostrado uma melhora lenta, mas gradual, sobretudo no que se refere à inflação.

Na avaliação do Planalto, é importante que a economia continue blindada, pois garante um importante trunfo para o presidente Michel Temer enfrentar os rojões da política que estão por vir. A perspectiva em relação à lista de políticos que serão denunciados ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é grande, pois pode significar o afastamento de alguns ministros do governo. O próprio Temer disse que, em caso de abertura de inquérito, haverá afastamento temporário. Caso o citado vire réu, o desligamento será definitivo.

Dois ministros estão na linha de tiro: Eliseu Padilha, da casa Civil, e Moreira Franco, da secretária-geral da Presidência. São figuras muito importantes dentro da estrutura montada por Temer. Eles são citados em várias delações da Odebrecht, cujo sigilo deve ser levantado pelo ministro Edson Fachin, do STF.

Para o governo, é importante ver que, a despeito de todo o quadro político complicado, as perspectivas para a inflação só melhoram. O mercado financeiro, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central, está prevendo que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficará em 4,19%, abaixo, portanto, do centro da meta, de 4,5%.

Com isso, torce o governo, o Banco Central não se intimidará em acelerar o processo de corte da taxa básica de juros (Selic). A perspectiva é de que a taxa básica de juros (Selic) caia pelo menos um ponto percentual em abril, de 12,25% para 11,25% ao ano. Os juros devem encerrar o ano em 9%.

Fim da recessão

Quanto ao crescimento econômico, o Planalto dá como certo que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) será positivo. O resultado, mesmo que mínimo, marcará o fim da recessão. Como diz um importante assessor presidencial, Temer precisa dizer, com números, que a recessão ficou para trás.

É importante ressaltar, porém, que a retomada do crescimento pode ser abortada se algum turbilhão desestabilizar o governo. Os agentes econômicos preferem apostar que o presidente da República será preservado e que nem mesmo o processo conduzido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em relação à chapa Dilma-Temer será capaz de interromper o mandato do peemedebista.

“Estamos trabalhando para que nada prejudique o andamento da economia. É importantíssimo que os bons ventos continuem soprando nesta seara”, afirma um ministro muito próximo a Temer. Ele ressalta que, enquanto todos os políticos estão tremendo por causa da lista de Janot e das delações da Odebrecht, a grande maioria da população só quer saber dos saques de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “Para nós, isso é muito bom neste momento”, frisa.

Brasília, 14h30min

Vicente Nunes