Para ex-assessores de Loures, ele não resistirá e vai delatar

Publicado em Economia

Pessoas que mantêm longo histórico de relações com Rodrigo Rocha Loures — algumas trabalharam com ele até recentemente no Palácio do Planalto — estão convencidas de que, mais cedo, mais tarde, ele vai abrir a boca e delatar o presidente Michel Temer. Loures foi preso neste sábado, 3 de junho, pela Polícia Federal.

 

Em conversas reservadas, ex-assessores de Loures dizem que ele não tem estrutura emocional para enfrentar um longo período de prisão. O fato de a mulher estar grávida, prestes a dar luz, deve ser determinante para ele fechar acordo de delação premiada.

 

Esses mesmos ex-assessores não conseguem entender como Loures, de uma família rica, se envolveu num esquema tão grande de corrupção. O pai dele, Rodrigo Loures, é dono da Nutrimental, fabricante das barrinhas de cereais Nutry.

 

Para pessoas próximas ao ex-deputado e ex-assessor de Temer, ele se deslumbrou com o poder e as suas facilidades. Acabou embarcando com tudo nos esquemas de corrupção. Tornou-se o homem da mala, como constatou a Polícia Federal.

 

Portas dos fundos

 

Gente graúda do governo garante que, se Loures abrir a boca e dizer tudo o que sabe, Temer sairá pelas portas dos fundos do Palácio do Planalto. Os dois eram próximos demais. O ex-deputado era o homem que representava todos os interesses do presidente.

 

Desde a montagem do governo Temer, Loures teve papel central. Ele, inclusive, antecipou para integrantes do mercado financeiro muitos dos nomes da equipe econômica. Foi num evento fechado do banco norte-americano JP Morgan que Loures anunciou que o presidente do Banco Central seria Ilan Goldfajn, então economista-chefe do Itaú Unibanco.

 

A Polícia Federal acredita que Loures é um “peixe precioso”, que tem muito a oferecer às investigações sobre corrupção no governo. Mais cedo, mais tarde, dizem integrantes da Operação Lava-Jato, ele acabará falando o que sabe. A expectativa é de que Loures confirme a maior parte das informações repassadas à Justiça pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, do grupo JBS.

 

Brasília, 00h39min