ROSANA HESSEL
O Eurasia Group estima que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem 65% de chances de vencer o presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições presidenciais, em 30 de outubro. Segundo a consultoria norte-americana, os apoios regionais ou de terceiros devem ter impacto pequeno para a conseguir reverter os resultados do placar do primeiro turno.
No último domingo, o petista recebeu 48,43% dos votos válidos e, o chefe do Executivo, 43,20%, conforme os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgados após 100% das urnas apuradas. Lula teve 57.259.504 votos, e Bolsonaro, 51.072.345.
“Uma conclusão clara das dificuldades dos pesquisadores antes da votação de 2 de outubro é que as pesquisas presenciais tiveram um desempenho pior do que as pesquisas por telefone; para o segundo turno, no entanto, as pesquisas, provavelmente, convergirão e serão mais precisas à medida que os institutos calibram suas metodologias para levar em conta o resultado do primeiro turno”, destacou relatório assinado pelo diretor geral para as América do Eurasia Group, Christopher Garman.
O Eurasia Group manteve a opinião de que Lula é o favorito para vencer esta eleição, apesar de a probabilidade estar abaixo dos 70% estimados antes das eleições do último domingo. O resultado mais apertado do que o previsto nas pesquisas, segundo a consultoria, contribui com as chances de Bolsonaro virar a mesa, mas como duas das três ferramentas de previsão eleitoral utilizadas pela consultoria, ainda apontam para uma vitória de Lula, é difícil concluir que o petista não será favorecido no segundo turno.
As principais variáveis a serem monitoradas continuam sendo o quanto a melhoria das condições econômicas pode impulsionar Bolsonaro e até que ponto cada candidato é capaz de efetivamente enviar mensagens sobre as principais questões sociais e econômicas. A consultoria minimizou o impacto do apoio de governadores a Bolsonaro, como a do governador mineiro Romeu Zema (Novo), afirmando que, junto com as mudanças nas taxas de abstenção no segundo turno, “são muito menos importantes do que a maioria dos especialistas afirma”.
“Há muito pouca evidência empírica para sugerir que os endossos de candidatos de terceiros ou líderes regionais influenciam o voto nacional, especialmente quando os candidatos presidenciais são tão conhecidos. Os eleitores dividiram seus votos em uma série de eleições. Os eleitores avaliam as disputas governamentais com base em critérios locais e regionais e as eleições federais com base em outros. Só porque um líder é bem avaliado localmente, não significa que ele tenha influência sobre uma eleição federal”, destacou o relatório que aponta muito pouca evidência para uma reversão da vantagem de Lula sobre Bolsonaro.
O Eurasia Group reforçou que essa eleição é sobre preocupações sociais e econômicas e Bolsonaro tem mais quatro semanas para tentar convencer os eleitores de que as recentes melhorias econômicas (três meses de deflação, desemprego caindo para menos de 9% e mais programas de transferência de dinheiro) são sinais de coisas melhores por vir. Lula, por sua vez, reforçará a principal mensagem do primeiro turno – que ele pode repetir os bons momentos econômicos associados aos seus dois primeiros mandatos e que está mais bem posicionado para enfrentar os problemas sociais, de acordo com a análise. “Dada sua credibilidade nessas questões e o fato de a renda real ainda não ter se recuperado aos níveis pré-covid, ele parece estar em uma posição mais forte”, destacou o relatório.