Não por acaso, muitos policiais se referem à Assembleia do Rio como a casa institucionalizada do crime, onde as leis são feitas para atender, sobretudo, os interesses das organizações comandadas por bandidos. “As demandas da população em geral ficam em quinto plano, pois não rendem dinheiro”, diz um agente que mergulhou no assunto.
Há indícios claros de que os gabinetes de deputado de todos os espectros políticos contam com representantes do crime organizado. São pessoas indicadas pelas milícias e pelo tráfico para acompanhar projetos de interesses desses grupos e, principalmente, para barrar propostas que possam prejudicar seus negócios. Essas pessoas também são usadas para intimidar adversários.
Para mapear todo o esquema criminoso dentro da Alerj, os policiais vêm cruzando informações colhidas durante as investigações do caso Marielle com processos que estão encalhados ou foram “esquecidos”. Com isso, acreditam que terão condições de, muito em breve, desarticular parte dos esquemas que aterrorizam a população do Rio.
É da Alerj que as organizações criminosas se esparramam por órgãos dos governos estadual e municipal e do Judiciário. “Está tudo muito ramificado, por isso, não há interesse em nenhuma das pontas de que investigações andem”, ressalta um segundo policial. “O que temos visto é que há muito, mas muito dinheiro em jogo, com corrupção disseminada”, acrescenta.
Para a Polícia Federal, será preciso em empenho grande o Supremo Tribunal Federal (STF) e mesmo do Ministério da Justiça para que, realmente, se chegue a uma parcela dos agentes públicos que se aliaram ao crime organizado. “Sabemos que não será possível acabar com todos os esquemas. Mas temos condições de chegar a algumas cabeças coroadas dessas organizações”, complementa um terceiro policial.