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Ouro extraído no Brasil pode ser classificado como de área de conflito

Publicado em Economia

Autoridades brasileiras já foram avisadas de que, mantidos os graves problemas provocados pelo garimpo ilegal em terras indígenas na Amazônia, o ouro extraído no Brasil deverá ser classificado como originário de áreas de conflitos.

 

O alerta foi feito pelo perito da Polícia Federal Erich Adam Moreira, diretor da Associação dos Peritos Criminais Federais, e por Larissa Rodrigues, gerente de Portifólio do Instituto Escolhas no seminário “Caminhos do ouro”, promovido pelo Correio.

 

Segundo os especialistas, se a classificação se efetivar, as exportações de ouro do Brasil — o país vende para o exterior mais de 80% das cerca de 100 toneladas do metal extraídas por ano — serão duramente prejudicadas, sofrendo fortes sanções, com sérios impactos econômicos.

 

O entendimento é de que o ouro extraído de terras indígenas está provocando uma crise humanitária na Amazônia e bancando grupos armados de várias organizações criminosas. É um quadro semelhante ao que se observa em áreas de conflitos, como a República Democrática do Congo, na África.

 

Aperto na União Europeia

 

A legislação mais dura que restringe a compra de minerais de áreas de conflitos está na União Europa, que passa por um processo de revisão das regras. A tendência é de que as punições aos que adquirirem metais oriundos dessas regiões sejam ainda mais duras. A lei é de 2021.

 

Nos Estados Unidos, em 2010, o Congresso aprovou a Doddy-Franck Act, que determina às empresas com ações em Bolsa de Valores a obrigatoriedade de informarem à Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador e fiscalizador do mercado, a quantidade de minerais que compram de áreas de conflitos e na fabricação de quais produtos eles são utilizados.

 

Atualmente, são quatro os minerais considerados de áreas de conflitos: estanho, tântalo, tungstênio e ouro, os 3TG, todos extraídos em países africanos em que o dinheiro arrecadado com a produção deles sustentam guerras que expulsam milhões de cidadãos de suas terras. Vários grupos étnicos desapareceram em meio à barbárie.

 

Para especialistas, será preciso um trabalho enorme por parte do governo brasileiro para que o ouro extraído no país não entre no rol dos metais indesejados. Na comunidade internacional, se reconhece o esforço da gestão de Luiz Inácio Lula Silva para reverter a crise humanitária que dizima indígenas, especialmente os da etnia yanomami. Mas é preciso avançar muito para que o Estado, efetivamente, assuma o controle da situação.