E não é que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, já mudou o tom do discurso. De linha dura, pregando o aumento dos juros a qualquer preço para segurar a inflação que não dá trégua, agora, ele sinaliza que não é bem assim, que é preciso pensar melhor, levar todas as projeções em conta antes de o Comitê de Política Monetária (Copom) bater o martelo.
Curiosamente, a mudança de discurso de Tombini vem um dia depois de ele ter se encontrado com a presidente Dilma Rousseff fora da agenda oficial dela. Mas o presidente do BC, como não é bobo, está usando os números horríveis sobre a economia brasileira divulgados hoje pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para sustentar a mudança de discurso.
Diz o BC, em nota: “O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, avalia como significativas as revisões das projeções de crescimento para o Brasil em 2016 e 2017, realizadas pelo Fundo Monetário Internacional, e divulgadas hoje na atualização do relatório World Economic Outlook. No documento, o FMI revisou a previsão de crescimento do PIB do Brasil de -1,0% para -3,5%, em 2016, e de +2,3% para 0%, em 2017. O Fundo atribui a fatores não econômicos as razões para esta rápida e pronunciada deterioração das previsões. O presidente Tombini ressalta que todas as informações econômicas relevantes e disponíveis até a reunião do Copom são consideradas nas decisões do colegiado”.
Tombini nunca esteve convicto de que a alta dos juros era o melhor remédio para o país neste momento de grave recessão. Há, porém, a suspeita de que o que pesou mesmo para que ele adotasse uma versão mais light foi a conversa com a chefe.
A manutenção dos juros em 14,25% ao ano se tornou quase certa. A maioria dos votos dos integrantes do Comitê está nesta linha.
Brasília, 11h35min