Os erros de Meirelles, na avaliação do Planalto

Publicado em Economia

Por maior que seja a admiração do presidente Michel Temer pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o emedebista não vê chances de o subordinado ter sucesso na campanha à Presidência da República. As justificativas são muitas, a começar pela fragilidade do discurso do ministro. Ele se coloca como candidato, mas não fala para o povo. Seu discurso é sempre para os catequizados do mercado financeiro.

 

Meirelles não tem bandeira. Não uma bandeira que o aproxime dos eleitores. É verdade que o ministro pode se apegar à forte queda da inflação e aos juros mais baixos da história, mas também é o ministro do rebaixamento, do desemprego que continua alto e da derrota na reforma da Previdência.

 

Para o Planalto, se Meirelles realmente quisesse ser um candidato viável, já teria se agarrado, por exemplo, ao discurso da segurança pública. Em nenhum momento, desde que Temer decretou a intervenção na segurança do Rio de Janeiro, o ministro tomou posse do tema. No máximo, diz que os recursos que serão repassados ao estado ainda não estão definidos. Um viés nada atraente.

 

Quinta avenida

 

Meirelles tem ainda outro problema sério: em vez de sair em andança pelo país para falar com o grosso do eleitorado, prefere conversar com analistas do mercado e investidores, que, teoricamente, votariam nele. Ao contrário que ir comer buchada de bode no Nordeste, prioriza viagens à 5ª Avenida, em Nova York. É elitista demais.

 

Assessores de Temer citam, por exemplo, o desejo repentino de Meirelles de ir para Nova York em março, quando será realizado um evento com investidores para apresentar o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Já estão de viagens marcadas os ministros Moreira Franco (secretaria-geral da Presidência), Dyogo Oliveira (Planejamento) e Maurício Quintela (Transportes).

 

Melhor seria, no entender de Planalto, o ministro da Fazenda botar logo o bloco na rua e não ficar grudado no mercado financeiro. Mais que isso: garantir logo um partido para se candidatar. Hoje, nem o PSD, ao qual ele está filiado, nem o MDB de Temer querem saber de Meirelles candidato.

 

Brasília, 16h20min