ALESSANDRA AZEVEDO
No meio de toda a negociação com os caminhoneiros, para tentar reverter a greve, o governo teve que montar uma operação de guerra para minimizar o caos. Na sexta-feira, quando o movimento radicalizou, acendeu o sinal de alerta de que os estados de Rondônia e Roraima poderiam ficar sem energia. Ou seja, enfrentariam um apagão. Se isso ocorresse, doentes em hospitais poderiam morrer, o comércio corria o risco de saques e a violência se espalharia.
Para garantir o fornecimento de eletricidade, as forças de segurança assumiram a distribuição de óleo diesel para abastecer as termelétricas da região, onde o levante dos caminhoneiros estava bem feroz. Conseguiu-se montar um estoque de combustível para três semanas.
Nessa empreitada, o Planalto também atuou para suprir concessionárias responsáveis pelo abastecimento de água, sobretudo no Sul do país. Sem produtos químicos para o tratamento da água, as empresas poderiam disseminar surtos de diarreia e outras doenças por várias cidades, sobrecarregando as redes hospitalares, que já sofriam com a escassez de medicamentos por causa da suspensão do transporte de carga.
Parte desse movimento foi possível porque o governo montou uma malha aérea nos aeroportos de Guarulhos (SP) e do Galeão (RJ), que recebem querosene de aviação por meio de dutos — não dependem, portanto, do transporte rodoviário. Dali, houve fornecimento de combustível para Congonhas (SP).
Dessas bases, foi possível garantir o abastecimento de medicamentos em muitas cidades do interior de regiões mais distantes. “Essas ações emergenciais evitaram o pior em muitas localidades. Não podíamos deixar que a situação, que já estava difícil, se tornasse ainda mais complicada”, explica um dos comandantes das operações.
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Militares que atuam no Gabinete de Acompanhamento para a Normalização do Abastecimento chamam esse grupo de Gana, uma alusão ao país africano que, para surpresa de muitos, não tem guerra e, pelas projeções do Banco Mundial, deve crescer 8,3% neste ano, a maior taxa de expansão do mundo.