RODOLFO COSTA
Demorou, mas o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, se posicionou sobre as acusações de parcialidade do ministro da Justiça, Sérgio Moro, em julgamentos referentes à Operação Lava-Jato, após a invasão criminosa e o vazamento de troca de mensagens do então juiz com o procurador Deltan Dallagnol. Em mensagem nas redes sociais, o articulador político do governo disse que o ministro “ajudou muito a salvar o Brasil do projeto doente de poder do PT, do Foro de São Paulo e da esquerda mundial.”
O posicionamento de Onyx é importante para mudar o clima no Congresso e o sucesso na votação do Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN) 4/2019, que dispõe sobre o crédito suplementar solicitado pelo governo ao Parlamento para quitar, por meio de operações de crédito, despesas correntes de R$ 248,9 bilhões. Com a crise instalada, o ministro se tornou alvo da oposição e não teve apoio de lideranças de partidos da centro-direita, que submergiram diante das acusações. A alta cúpula não sairá em defesa de Moro, um dos pilares do governo. Mas a colocação de Onyx é um estímulo a deputados do baixo e médio clero dispostos a apoiar o Palácio do Planalto.
A mensagem de Onyx dá as diretrizes de como o governo quer orientar aliados a apoiar Moro. O ministro apostou as fichas no discurso do ataque à esquerda, ao patriotismo e no combate à corrupção, aos moldes da campanha do presidente Jair Bolsonaro. “Não conseguirão (atingi-lo). Nós, brasileiros de alma e coração, não permitiremos! Moro é um herói para os brasileiros. Moro é uma das pessoas mais corretas, capazes e éticas que conheci nesse tempo todo aqui em Brasília. Me sinto honrado de compartilhar com ele, e cada um do time Bolsonaro, a missão de mudar o Brasil. Com Deus no coração, muito trabalho e fé, vamos vencer”, sustentou.
Diálogo
Os próximos movimentos do ministro serão feitos para dialogar com aliados e a base de apoio disposta a apoiar Bolsonaro em estratégia convergente com o comentário publicado nas redes sociais. O deputado Luis Miranda (DEM-DF), é um dos parlamentares que deve se reunir com o ministro hoje. A articulação precisará ser cirúrgica. Afinal, são poucas horas para convencer o Parlamento a votar e aprovar o PLN 4 ainda nesta terça-feira (11/6). A líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), declarou na segunda (10) que “ninguém vai ser maluco de derrubar o PLN” por ser uma matéria “sensível a todos”. No entanto, cálculos feitos no Congresso apontam que a aprovação do texto aumenta o endividamento público em 7%.
O governo está sendo refém da oratória montada de ser intransigente ao aumento de gastos. O cenário poderia ser outro não fosse o vazamento do diálogo à imprensa. “Quem estava querendo se aliar, agora, está recuando. Moro foi infeliz demais por ter se articulado para impedir (o ex-presidente) Lula de concorrer às eleições. As mensagens mostram muita parcialidade e isso gera insegurança em quem não é da base ou planeja ser”, ponderou ao Blog um deputado aliado. Por esse motivo, o posicionamento de Onyx é tão importante, para alterar o quadro de incertezas.