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Óleo de soja foi o maior vilão da inflação e superou o arroz

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

Apesar de os brasileiros passarem quase o ano de 2020 inteiro reclamando do preço do arroz, o óleo de soja roubou a cena e superou o rival no posto de maior vilão da inflação, pois mais que dobrou de preço no ano passado, conforme os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (12/01).

 

No acumulado de janeiro a dezembro, o óleo de soja registrou alta de 103,79% em 2020. O segundo lugar do pódio da carestia ficou com o arroz, cujos preços subiram 76,01% no acumulado do ano. A batata inglesa ficou em terceiro lugar, com 67,27% de alta. O tomate, vilão de inflações passadas, apresentou queda de 13,5% em dezembro, registrou valorização nos preços de 52,76% em 2020. As frutas, que apresentaram a maior alta entre os alimentos no mês passado, de 6,73%, acumularam valorização no ano de 25,4%.

 

De acordo com o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), a forte alta do óleo de soja reflete a valorização do preço da soja desde maio de 2020, de 63%, em dólares. “O preço das commodities está em alta devido à demanda aquecida já que a vacinação lá fora está avançando e isso ajuda na retomada da economia. Com o real desvalorizado devido à desconfiança, principalmente, isso é bom para as exportações, mas é ruim para o mercado interno, porque reduz a oferta do produto e pressiona a inflação”, explicou.

 

O forte aumento dos preços dos alimentos foi o principal fator para que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), surpreendesse o mercado em 2020 com a alta de 1,35% em dezembro, quando as previsões estavam em 1,21%. A taxa do IPCA de dezembro foi a maior para o mês desde 2002. No acumulado de janeiro a dezembro, o grupo de alimentos e bebidas apresentou alta de 14,09%, liderando os aumentos no ano, segundo o IBGE.

 

No acumulado do ano, o IPCA subiu 4,52% e ficou acima do centro da meta do Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4%, mas dentro do intervalo de tolerância de até 5,5%.

 

O índice de difusão da inflação voltou a subir, o que preocupa o mercado, passando de 67% para 72%, maior patamar registrado no ano, o que preocupa analistas do mercado, pois mostra que as pressões sobre o custo de vida devem persistir no IPCA por um período mais longo do que o esperado. Vale lembrar que, em janeiro de 2020, esse indicador estava em 55%.

 

Analistas devem começar a mudar as projeções para o IPCA de 2021, de 3,2%, e passam a prever aumento na taxa básica de juros (Selic) ainda no primeiro semestre deste ano. Atualmente, a Selic está em 2% ao ano, menor patamar da história. André Perfeito, da Necton Investimentos, por exemplo, prevê Selic encerrando o ano a 4%.