O sonho de Meirelles

Publicado em Economia

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, faz questão de se manter distante das especulações sobre candidaturas à Presidência da República em 2018. Mas acalenta, dia e noite, o desejo de assumir o comando do país. Seu partido, o PSD, não só alimenta essa vontade, como já se movimenta para medir o potencial de Meirelles numa eventual disputa à sucessão de Michel Temer.

 

Sempre que questionado sobre o assunto, o ministro desconversa. Mas os mais próximos a ele garantem que, se a candidatura se mostrar viável, dificilmente declinará. Desde que entrou para a política, em 2002, como candidato a deputado federal pelo PSDB, a ambição de Meirelles sempre foi grande. A primeira grande meta era governar seu estado, o Goiás. Depois, assumir a Presidência da República. As constantes frustrações o empurraram, porém, de volta ao setor privado.

 

Agora, nesse ambiente crítico, em que se carece de lideranças, o sonho de se sentar na cadeira mais importante do país renasceu. Não por acaso, Meirelles trabalha, sem constrangimento, para acumular poderes e despontar com a imagem do homem que tirou o Brasil da maior recessão da história. O superministro não brinca em serviço. Depois de Temer, é, hoje, a pessoa mais poderosa do governo.

 

Meirelles sabe que, mesmo com todas as negativas (hoje, houve mais uma delas), Michel Temer será, sim, candidato à Presidência. Para o presidente interino, é complicado falar em candidatura agora, quando precisa de todos os partidos da base aliada unidos para aprovar, no Congresso, o impeachment definitivo de Dilma Rousseff e, posteriormente, o pacote de ajuste fiscal, que, acredita ele, dará novo ânimo à economia e o cacifará para a disputa de 2018.

 

O ministro da Fazenda está disposto, inclusive, a disputar com Temer a vaga à Presidência da República. Se o partido dele não ratear, vai se colocar na disputa como a grande alternativa aos políticos tradicionais, prometendo um governo técnico com a missão de colocar, definitivamente, o país no rumo do futuro. Discurso pronto Meirelles já tem. Agora, é deixar o barco correr e ver como as turvas águas da política estarão na hora certa.

 

Brasília, 13h30min