Oficialmente, o BC diz que a conversa entre Temer e Ilan será sobre a participação do presidente do BC em encontro do G20 e em reuniões do Banco de Compensações Internacionais (BIS) na semana passada. O comandante da autoridade monetária fará uma exposição sobre a economia internacional e a interna. Isso, oficialmente.
Assessores de Temer, no entanto, dizem que ele está ansioso por boas notícias no campo econômico, já que o quadro político continua turvado, com nove ministros na lista dos denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) com base em delações da Odebrecht.
Para o Planalto, é importante que o BC de uma cota maior de contribuição para criar um ambiente menos hostil na economia. Isso é importante, sobretudo, porque os investidores já começam a se incomodar com a fragilidade fiscal do país.
Decepção
Esperava-se que, com Henrique Meirelles à frente do Ministério da Fazenda, as contas públicas fossem ajustadas. Mas o que se está vendo é a piora nos resultados, com sérios riscos de o rombo deste ano passar dos R$ 190 bilhões. A meta oficial é de deficit de até R$ 139 bilhões.
Já na última reunião do Copom, Temer torcia para que a Selic caísse um ponto percentual, diante da forte desaceleração da inflação, que pode fechar este ano abaixo do centro da meta, de 4,5%. Mas o BC acabou por ser mais conservador, e reduziu os juros em 0,75 ponto.
Agora, ressaltam assessores de Temer, não há mais razão para o time liderado por Ilan se manter tão na retaguarda. A inflação está sob total controle e a recessão continua açoitando a economia. Ou seja, no entender do Planalto, não há nada que justifique um BC tão conservador.
“Todos no Planalto reconhecem a competência técnica dos diretores do Banco Central. Mas até os economistas mais ortodoxos estão dizendo que o BC está atrasado na condução da política monetária, e que deve acelerar ao máximo no processo de corte dos juros”, diz um dos auxiliares de Temer. “O presidente tem pressa”, complementa.
Brasília, 10h01min