O Palácio do Planalto deve mudar oito dos 12 diretores da Caixa Econômica Federal, mas não fará isso porque quer limpar a instituição da politicagem que consumiu bilhões de reais e levou o banco a uma situação bastante complicada, a ponto, de futuramente, precisar de socorro do Tesouro Nacional. Na verdade, o presidente interino, Michel Temer, fará apenas uma troca de pessoas dos partidos com os quais a Caixa foi rateada. A única legenda a ser varrida da instituição será o PT. Já o PMDB e o PP continuarão com a maior parte das vice-presidências e diretorias.
Oficialmente, o Planalto diz que as mudanças fazem parte da adequação da Caixa à Lei de Responsabilidade das Estatais, sancionada na quinta-feira, 30. Mas a intenção é bem diferente, como ressalta o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Ele diz que o governo trocará os indicados para o banco e outras empresas, mas não quem indica. A não ser no caso do PT, cujos protegidos serão os primeiros a serem dispensados. A lista de petistas é encabeçada por Márcio Percival, vice-presidente de Finanças e Controladoria, e por Marcos Vasconcellos, vice-presidente de Gestão de Ativos de Terceiros.
A Caixa continuará a ser uma das principais moedas políticas do governo para obter apoio no Congresso. O banco é visto pelos políticos como um manancial para facilitar a arrecadação de recursos para campanhas eleitorais. A instituição atua em áreas estratégicas, como a construção civil e a de programas sociais. Não custa lembrar que o mais recente escândalo de corrupção envolve o FI-FGTS, fundo de investimentos bancado pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A Polícia Federal garante que o desvio de recursos era feito por uma quadrilha chefiada pelo deputado Eduardo Cunha, um dos “indicadores” que o governo continuará ouvindo para as nomeações na Caixa.
Preservada a politicagem na Caixa e em outras estatais, o governo de Michel Temer manterá as portas abertas para escândalos. A sucessão de operações da PF mostra que os políticos ainda não aprenderam a lição e continuam apostando na impunidade. Para eles, a Caixa será só mais um instrumento para o recebimento de propinas. A saúde do banco que se dane. Os contribuintes estão aí justamente para cobrir rombos por meio do pagamento de mais impostos.
Brasília, 12h44min