ROSANA HESSEL
O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, pediram exoneração de seus cargos ao ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta quinta-feira (21/10), de acordo com nota divulgada pela pasta.
A decisão de ambos é de ordem pessoal, segundo o comunicado. “Funchal e Bittencourt agradecem ao ministro pela oportunidade de terem contribuído para avanços institucionais importantes e para o processo de consolidação fiscal do país”, acrescentou.
Mas a debandada não para por aí. A secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, e o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araujo, também pediram exoneração de seus cargos, por razões pessoais. “Os pedidos foram feitos de modo a permitir que haja um processo de transição e de continuidade de todos os compromissos, tanto da Seto quanto da Secretaria do Tesouro”, informou a nota. A assessoria explicou que os secretários vão aguardar as indicações dos substitutos para fazer uma transição adequada dos cargos. Logo, eles continuam despachando com o ministro nesse período.
A saída dos técnicos marca o descrédito do ministro Paulo Guedes, que rasgou os manuais de responsabilidade fiscal e do liberalismo para submeter-se aos caprichos populistas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que, aliado ao Centrão, quer se reeleger a qualquer custo em 2022, e, para isso, precisa gastar o que não tem no Orçamento. A prova disso foi a fala desastrosa de Guedes, ontem, anunciando que pretendia pedir uma “licença” para gastar mais para poder criar o benefício de R$ 400 prometido por Bolsonaro. A reação do mercado foi clara: a Bolsa chegou a cair 4% hoje e o dólar disparou.
O diretor executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI), Felipe Salto, elogiou a atitude de Funchal e de Bittencourt, por não concordarem com os arroubos populistas do governo, na contramão da austeridade fiscal. “Parabéns ao Secretário do Tesouro e ao Secretário Especial de Fazenda por não aceitarem participar da maior lambança fiscal da história das contas públicas no Brasil”, escreveu Salto, nas redes sociais.