No Ministério da Economia, clima é de muita tensão e de medo de demissões

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As duras críticas do presidente Jair Bolsonaro às propostas da equipe econômica de congelar aposentadorias e pensões para bancar o Renda Brasil caíram como uma bomba no Ministério da Economia. O temor é de que o presidente exija do ministro da Economia, Paulo Guedes, a demissão de técnicos que lidam com o assunto.

“Tensão geral por aqui”, limitou-se a dizer ao Blog um técnico do alto escalão da Economia. Todos estão esperando o retorno de Guedes, que foi chamado às pressas ao Palácio do Planalto por Bolsonaro. Um ministro disse que nunca viu o presidente “tão irritado com a equipe econômica“. Bolsonaro falou em dar “cartão vermelho” ao técnico que propôs o congelamento de aposentadorias e pensões.

Na visão de Bolsonaro, ao propor medidas que afetam os mais pobres, a equipe econômica mina sua popularidade entre a população mais pobre, justamente na qual tem conseguido melhorar a imagem do governo. O presidente não está preocupado com a questão econômica, mas com a política, visando a reeleição em 2022.

Para a equipe econômica, a partir de agora, todas as discussões de medidas impopulares para equacionar as contas públicas estão congeladas. Não há mais, segundo os técnicos, espaço para debate público em relação a temas considerados polêmicos por Bolsonaro.

Resta saber, segundo os técnicos, como os investidores vão lidar com Bolsonaro cada vez mais voltado para as eleições de 2022 e menos preocupado em buscar soluções para conter o deficit público e a escalada da dívida púbica, que caminha para 100% do Produto Interno Bruto (PIB).

Brasília, 10h31min

Vicente Nunes