Nada a comemorar

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No próximo domingo, Michel Temer completará um mês de governo sem nada de palpável a ser entregue. Esperava-se que, com a mudança no comando do país, um ânimo novo tomasse conta dos agentes econômicos, mas o que estamos vendo é só decepção. Na política, há o risco de a República implodir, com as principais lideranças sendo tragadas pela Lava-Jato. Na economia, em que se esperava um pequeno alívio, os indicadores continuam muito ruins.

 

A inflação, que o Banco Central de Alexandre Tombini dizia que estava em queda, voltou a subir, e forte. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 0,78%, a maior taxa para o mês desde 2008. Os especialistas garantem que, pelo segundo ano seguido, o custo de vida vai estourar o teto da meta, de 6,5%. Isso deixa o BC, que, nos próximos dias, será comandado por Ilan Goldfajn, de mãos atadas para reduzir a taxa básica de juros (Selic), de 14,25% ao ano. A incapacidade em dar um alívio no custo do dinheiro será ratificada hoje pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

 

O governo Temer imaginava que, com nomes fortes e respeitados no comando da economia, já se teria mudança no humor dos agentes produtivos e de investidores. De início, até se ensaiou uma melhora na confiança. Mas a incapacidade do governo de levar adiante medidas importantes para ajustar as contas públicas contaminou negativamente os ânimos. O projeto que propõe limite para o aumento de gastos sequer foi encaminhado ao Congresso.

 

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, está tentando, até agora, animar a plateia no gogó. Mas é pouco. A expectativa que a posse dele criou está lentamente se transformando em decepção. Muitos já falam na possibilidade de Meirelles se transformar em um novo Joaquim Levy, que chegou à Fazenda como superministro, prometendo mundos e fundos, mas não entregou nada e acabou saindo pelas portas dos fundos. Pelo visto, tempos muitos difíceis ainda vão nos atormentar por um longo período.

 

Brasília, 10h30min