MPF quer reunir provas com 2ª fase da Greenfield para afastar Joesley da J&F

Publicado em Economia

POR ANTONIO TEMÓTEO

 

A 2ª fase da Operação Greenfield, que investiga fraudes nos fundos de pensão, tem um alvo maior que não é citado explicitamente nos pedidos de prisão e de busca e apreensão autorizados pela Justiça. Ele é Joesley Batista, presidente da J&F, alvo da 1ª fase da operação.

 

O Ministério Público Federal (MPF) quer reunir provas para mostrar que o presidente da holding que controla as marcas JBS, Seara, Vigor, Banco Original, Flora e Alpargatas tem tentado interferir nas investigações relacionadas a empresa Eldorado.

 

 

Preso pela Polícia Federal (PF) hoje, Mário Celso Lopes foi sócio de Joesley durante alguns anos e o ajudou a estruturar a empresa que deu origem a Eldorado, que recebeu aportes da Funcef, fundo de pensão dos empregados da Caixa, e da Petros, entidade de previdência complementar dos funcionários da Petrobras. O MPF avalia que houve supervalorização de ativos da empresa de celulose que prejudicaram as fundações e beneficiaram os demais controladores.

 

Os dois empresários romperam a parceria algum tempo depois, mas em novembro de 2016, após a deflagração da Greenfiled em setembro do ano passado, assinaram um contrato de R$ 190 milhões, entre a Eldorado e a Eucalipito Brasil. Os investigadores estranharam que menos de um mês depois uma cláusula foi retirada do contrato e beneficiou Lopes.

 

O MPF suspeita que o acordo foi firmado para comprar o silêncio de Lopes. Semanas antes da deflagração da 2ª fase da Greenfield, a Procuradoria da República no Distrito Federal (PR-DF) solicitou à Justiça o fim do acordo firmado com Joesley após a 1ª fase da operação, que previa colaboração total nas investigações.

 

Após as contrarrazões apresentadas pela defesa de Joesley, a PR-DF solicitou mais 15 dias para se manifestar novamente sobre o tema. O prazo adicional foi autorizado pela Justiça e ainda está em vigor. Com isso, o MPF espera reunir as provas necessárias para mostrar que o presidente da J&F tem trabalhado para atrapalhar as investigações.

 

Joesley Batista tem negado qualquer interferência nas apurações. Segundo a J&F, o pedido do MPF tem base em denúncias estapafúrdias e infundadas. Além disso, a empresa tem afirmado que as decisões tomadas pela Eldorado e pelo conselho de administração são lícitas e de boa fé.