ROSANA HESSEL
O ex-juiz e ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (sem partido) Sergio Moro é o nome da terceira via com maior condição de ser uma opção contra a polarização em curso para a eleições presidenciais de 2022, que indicam um embate entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um eventual segundo turno. No entanto, Moro só conseguirá se consolidar se houver menos nomes na disputa. Pelas estimativas do cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e diretor da Quaest, Felipe Nunes, Moro pode chegar a 30%, se houver uma aglutinação das candidaturas atuais.
“Moro é a terceira via mais bem colocada até o momento. Ele consegue atrair quem odeia Bolsonaro e quem odeia Lula. O ex-juiz tem potencial de chegar a 30% dos votos, o que pode cacifa-ló como a melhor alternativa. Mas tudo depende do número de candidatos disponíveis”, explicou Nunes, em entrevista ao Blog nesta segunda-feira (1º/11). Atualmente, existem, pelo menos, 10 prováveis candidatos para disputar votos com Lula e Bolsonaro. “Com esse alto número de concorrentes, é muito difícil que qualquer nome desponte para ir ao segundo turno no lugar de Lula e Bolsonaro”, acrescentou.
A Quaest é responsável pelas pesquisas divulgadas pela Genial Investimentos. Na mais recente, apontou que 54% dos entrevistados não acreditam que o Auxílio Brasil, programa do governo que pretende substituir o Bolsa Família, não deve dar votos a Bolsonaro. A próxima edição da pesquisa da instituição que trata dos cenários para as eleições de 2022 será divulgada no próximo dia 10.
No levantamento anterior, divulgado em outubro, a avaliação negativa do presidente Jair Bolsonaro chegou a 53%, acima dos 48% registrados anteriormente. Já a fatia que considera a gestão do presidente positiva caiu de 26% para 24% na mesma base de comparação, refletindo que a percepção dos brasileiros de que a economia só piorou aumentou, o que poderá ser um problema para Bolsonaro quando subir nos palanques no ano que vem e pedir voto dos brasileiros.
O jornal britânico Financial Times revelou que o presidente brasileiro é “incapaz”. Bolsonaro liderava o ranking de rejeições, com 65% dos entrevistados afirmando que não votariam nele. Em segundo lugar, ficou João Dória Jr., com 61%. Sergio Moro fica em terceiro lugar nessa lista, com 59% de rejeição, seguido por Ciro Gomes (PDT), com 54%.
Na avaliação do cientista político, outro nome vem sendo cogitado para concorrer em 2022, o do presidente do Senado e do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ainda tem um caminho longo para frente se realmente for candidato.”Pacheco pode ter a vantagem de unificar Minas Gerais, mas sofre do mesmo problema que os outros: a concorrência é grande”, explicou Nunes. Na pesquisa de outubro, Pacheco tinha 39% de rejeição enquanto Lula, ficou com 43%. A menor rejeição ficou com o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), de 20%.
Vale lembrar que Pacheco saiu do DEM e filiou-se ao PSD de Gilberto Kassab, um dos piores prefeitos de São Paulo e dono de uma das maiores legendas no Congresso.
Candidatura
Sergio Moro desembarcou hoje no Brasil vindo dos Estados Unidos para oficializar a candidatura para 2022. A filiação de Moro ao Podemos está marcada para o próximo dia 10, em cerimônia no Centro de Convenções Ulisses Guimarães, em Brasília.
O ex-juiz deixou o governo Bolsonaro em abril do ano passado criticando interferências do presidente na Polícia Federal. Ele estava morando em Washington há um ano. A expectativa é que, na próxima quarta-feira (3/11), Moro venha para Brasília. Um dos compromissos previstos na agenda, mais ainda não confirmado oficialmente, é uma reunião com líderes União Brasil, legenda que será criada após a fusão do DEM com o PSL. “Ele tem conversado com muita gente”, disse um interlocutor do ex-ministro.