ROSANA HESSEL
Um dia após o Banco Mundial reduzir a projeção de crescimento global, a Moody ‘s Investors Service fez um alerta, nesta quarta-feira (11/1), sobre a piora nas perspectivas para a qualidade de crédito dos países da América Latina e Caribe em 2023. De acordo com o relatório da agência de classificação de risco norte-americana, o baixo crescimento econômico, o aumento dos custos dos empréstimos e a alta persistente da inflação, que resultarão em escolhas políticas difíceis nos próximos 12 meses, deixam o cenário bastante negativo para os países da região.
“A agenda política da América Latina provavelmente continuará a se concentrar no curto prazo em ajudar as famílias em meio ao aumento dos preços dos alimentos e da energia, o que deixa pouco espaço fiscal para o investimento público”, disse Jaime Reusche, Vice President, Senior Credit Officer da Moody’s. “Nesse contexto, a eficácia da política social será fundamental na concepção de programas sociais direcionados para evitar desperdício e investir recursos em prol dos resultados sociais desejados”, acrescentou o executivo em nota da assessoria da agência.
A Moody ‘s prevê desaceleração da economia latino-americana e espera que a região cresça 2,7%, em média em geral neste ano, ante expansão de 3,8%, em 2022 e de 7,1% em 2021. A agência ainda prevê perda de fôlego mais expressiva nas economias da América Latina do que no Caribe, “onde os fluxos de turismo continuam a se recuperar de uma base baixa, o que fornece suporte à atividade econômica no curto prazo”.
As projeções da companhia para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deste ano, de alta de 0,7%, estão piores do que a média para a região e só não é pior do que a previsão para o PIB do Chile, que deverá encolher 1%. Os demais países, segundo o relatório, deverão crescer acima de 1%. Já a economia do Panamá, pelas estimativas da Moody’s, poderá ter a maior expansão regional, entre 4% e 4,5%.
De acordo com o relatório, apesar dos riscos negativos externos serem relativamente contidos, os desequilíbrios globais entre oferta e demanda persistem, em um momento em que a recuperação das economias da América Latina após a pandemia perde força, o que afetará as perspectivas de crescimento em 2023 e continuará a alimentar a inflação, embora em um ritmo mais lento.