POR ANTONIO TEMÓTEO
Nao é apenas no mercado financeiro que se observa inatisfação com o ritmo lento do governo de Michel Temer para fazer o ajuste fiscal e encaminhar reformas estruturais. Dentro da própria equipe do presidente interino as queixas já começam a se tornar públicas. Em um seminário em São Paulo, promovido pela Associação Comercial, o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira, do PRB, disse que deixará o governo se nenhum dos projetos de reforma avançar até novembro próximo.
“Já disse para meus colegas no governo, já disse para o presidente e já disse para empresários que, se nada avançar, e se eu perceber que nada avançará, não tenho intenção nem disposição para continuar no governo”, afirmou Pereira. Segundo ele, quando foi convidado para o ministério, aceitou porque havia uma missão. “Mas, se eu perceber que nada vai avançar, volto para meu escritório de advocacia, que está me esperando de portas abertas”, acrescentou.
O ministro admitiu que a agenda do governo está travada neste momento por causa da votação do impeachment definitivo de Dilma Rousseff, marcado para o fim deste mês, e tende a ficar empacada devido às eleições municipais de outubro. “Isso contamina o debate, sobretudo porque muitos dizem se tratar de temas impopulares, que eu não considero impopulares”, afirmou. Mas, passado esse período, Temer tem que encaminhar propostas ao Congresso até o fim de novembro para que sejam aprovadas no primeiro semestre de 2017. “Se nada for aprovado nesse período, não se aprovará nada neste governo”, frisou. Ele defende as reformas trabalhista e da Previdência.
Brasília, 19h37min