Guedes1 Foto: Sérgio Lima/ AFP

Ministério da Economia censura jornalistas, mas mantém portas escancaradas para agentes de mercado

Publicado em Economia

O Ministério da Economia se recusou a repassar para secretários que participavam de uma entrevista coletiva uma série de perguntas feitas por jornalistas. A censura veio em forma da desculpa de que os servidores só responderiam questionamentos relacionados ao projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022.

 

É importante ressaltar, porém, que o Ministério da Economia mantém as portas escancaradas para repassar informações, seja elas quais forem, a representantes do mercado financeiro. A proximidade entre servidores da pasta com esses agentes é tamanha, que muitos mudam agenda para responder aos donos do dinheiro.

 

O ministério está numa posição confortável para censurar perguntas, uma vez que todas as entrevistas estão ocorrendo por meio da internet. Ou seja, os repórteres, que têm a obrigação de manter a sociedade bem informada, são obrigados a enviar as perguntas por escrito por meio de um grupo de WhatsApp.

 

Não há, portanto, neste modelo, o confronto e os questionamentos naturais dos profissionais de imprensa aos que estão concedendo as entrevistas. Assim, eles falam somente o que lhes é conveniente. Agora, a assessoria de imprensa do ministro Paulo Guedes passou dos limites ao escolher as perguntas que serão respondidas.

 

Esse cerceamento não é feito nas conversas dos funcionários do Ministério da Economia com integrantes do mercado financeiro, que procuram manter contatos estreitos com técnicos e autoridades para usarem as informações privilegiadas com o intuito de ganharem muito dinheiro. Nesse caso, a sociedade que se exploda.

 

A censura imposta pelo Ministério da Economia tem um claro objetivo: blindar o ministro Paulo Guedes, que se enrendou em uma guerra política que pode lhe custar o cargo. Ele avalizou o Congresso a aprovar um Orçamento de 2021 totalmente fictício, para agradar aliados do governo, mas, agora, pede que o presidente Jair Bolsonaro vete uma série de pontos.

 

A assessoria de imprensa não permitiu que os jornalistas esclarecessem os pontos mais complicados do Orçamento, tema que interessa a todos. Estamos no quarto mês do ano, e o país ainda não tem um Orçamento sancionado. É um fato inaceitável.

 

Brasília, 19h01min