Mercado volta a peitar o BC, e dólar fecha a R$ 3,81

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Os investidores voltaram a partir para cima do Banco Central e forçaram nova alta do dólar. A moeda norte-americana encerrou o dia cotada a R$ 3,811 para venda, com alta de 2,64%. O dólar subiu mesmo com o BC vendendo US$ 5 bilhões por meio de contratos swap cambial, nos quais aposta na queda da divisa dos Estados Unidos e na alta dos juros.

O clima é de tensão. Tanto que o mercado praticamente absorveu os dólares ofertados pelo BC na semana passada, quando a moeda bateu R$ 3,94. Naquela oportunidade, o presidente da autoridade monetária, Ilan Goldfajn, informou que a instituição injetaria US$ 20 bilhões no mercado, além dos R$ 4,5 bilhões que já estavam anunciados. Desse montante, só restam US$ 5,75 bilhões.

É possível que o BC amplie as intervenções, uma vez que Ilan admitiu que o BC teria espaço para atingir o recorde de US$ 110 bilhões em swaps colocados durante a gestão de Alexandre Tombini, ainda no governo de Dilma Rousseff. A percepção no BC é de que não será necessário chegar a esse montante, mas a disposição está mantida.

Para o governo, o que está ocorrendo no mercado de câmbio é pura especulação. Os investidores estão forçando a alta do dólar para levar o Banco Central a aumentar os juros, já que a elevação da moeda norte-americana tem impacto importante na inflação. Pelos cálculos do próprio BC, com o dólar a R$ 3,60, a inflação de 2019 será de 4%, bem próxima ao centro da meta, de 4,25%.

A determinação do presidente Michel Temer é para que o time comandado por Ilan Goldfajn faça o que for necessário para que a queda de braço da instituição com o mercado não resulte em mais inflação. Mesmo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos níveis mais baixos em duas décadas, a percepção da população é de que o custo de vida está muito alto. Não por acaso, apenas 3% dos eleitores aprovam a gestão de Temer.

Brasília, 17h32min

Vicente Nunes