Pela mediana das estimativas do mercado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar o ano com alta de 3,45%, bem abaixo da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,25% anuais. A previsão do Produto Interno Bruto (PIB) para 2018 está em 0,87%, abaixo da expansão de 1,1% dos dois anos anteriores e, para 2020, o mercado já prevê que a atividade não conseguirá crescer acima de 2%.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, a Selic passou para 5,5% ao ano, nova mínima histórica. O diretor da Mirae Asset, Pablo Spyer, aposta que o Brasil está prestes a entrar em uma nova era, de juros reais negativos. “Com a Selic a 5,5%, e se tirarmos, em média, 20% de Imposto de Renda, uma aplicação indexada a essa taxa daria 4,40% ao ano, o que, descontando o IPCA, a 3,45%, o ganho real seria de 0,95%. Mas, se a Selic ficar em 4,40% ou abaixo disso, o Brasil entra no rol dos países com juros reais negativos. Será preciso tomar riscos para ganhar dinheiro no país”, destacou.
A MB Associados e Austin Rating preveem que a taxa básica de juros feche o ano em 4,75%. No entanto, para que ocorra o Copom realize novos cortes, a comunicação entre o Banco Central e os agente econômicos tem que ser clara e objetiva. A Daycoval Asset prevê Selic chegando a 4,5% neste ano e se mantendo nesse patamar até o ano que vem com base no comunicado do Copom de ontem. “Os fatores do balanço de riscos permaneceram os mesmos. Por um lado, a ociosidade pode continuar produzindo inflação abaixo do esperado. Por outro, uma frustração com as reformas e ajustes econômicos poderá afetar os prêmios de risco e a trajetória para inflação, fenômeno intensificado no caso de piora do cenário externo”, destacou. Para ele, o risco associado à frustração com as reformas e ajustes econômicos “deixou de ser preponderante, ou seja, o balanço de riscos ficou marginalmente mais benigno”.
Para a Necton Investimentos, o rol de motivos levantados pelo Banco Central na última reunião, indicam que a taxa Selic sofrerá mais cortes até o final de 2019. A projeção caiu de 5% ao ano para 4,5% anuais. Já o banco BNP Paribas, cortou a projeção de 5% para 4,25%. “Acabou sobrando para (Roberto) Campos Neto fazer (presidente do BC) os incentivos econômicos que Paulo Guedes (ministro da Economia) não pode ou não quer fazer e neste sentido deveremos ver uma Selic ainda mais baixa”, disse André Perfeito, economista-chefe da Necton.