“Os resultados da atual política econômica são negativos. É possível que o Ministro da Economia esteja até conseguindo fazer o melhor possível dentro da confusão que virou este governo e a área econômica, mas o resultado é ruim”, escreveu Meirelles, nas redes sociais, logo depois do discurso de Guedes em evento no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira (25/10).
Apesar da piora nas previsões do mercado para o ano que vem, em grande parte, por conta da piora na questão fiscal, Guedes voltou a falar que o Brasil está crescendo em ritmo mais acelerado do que o resto do mundo além de insistir na história da retomada em V (uma espécie de recuperação rápida e forte da economia), que só ele costuma enxergar. “Vamos crescer ano que vem de novo. A conversinha é sempre essa. Primeiro que ia cair, ia ficar lá embaixo, não ia voltar. Aí volta em V”, disse o ministro da Economia para a plateia que participava do lançamento do Programa Nacional de Crescimento Verde. Segundo ele, o PIB vai crescer de novo e “cada um vai fazer o seu trabalho”.
Ontem, Meirelles foi um dos alvos das críticas de Paulo Guedes, que resolveu falar à imprensa ao lado de Bolsonaro sem máscaras. Segundo o ministro da Economia, que vem sendo chamado de “fura-teto” saiu atirando ao lado do chefe contra os críticos do fim do teto de gastos. Disse que Meirelles deu aumento aos servidores no governo Michel Temer. Guedes também criticou o ex-presidente do Banco Central, Affonso Celso Pastore, um dos maiores economistas do país e disse que ele está velho e “deveria ficar quieto e ter uma velhice digna”. Outra vítima da ira do Posto Ipiranga foi o o ex-ministro da Fazenda, Mailson da Nóbrega, que segundo o titular da Economia fez a inflação chegar a 5.000% ao ano.
Vale lembrar que hoje, o Itaú Unibanco passou a prever queda de 0,5% no PIB do ano que vem. A MB Associados também atualizou as estimativas e, apesar de prever zero de crescimento no ano que vem, afirma que o viés “é de baixa”. A consultoria não descarta recessão técnica do PIB, com retração no 4º trimestre de 2021 e no 1º trimestre de 2022.
Conforme dados do boletim Focus, do Banco Central, as novas estimativas do mercado apontam uma taxa de crescimento abaixo de 5% neste ano, apesar de o ministro Paulo Guedes ainda apostar em alta acima desse patamar. A mediana das projeções do PIB de 2022 passou de 5,01%, na semana passada, para 4,97%, nesta semana. Já a mediana para a expansão do PIB no ano que vem foi reduzida de 1,5% para 1,4% na mesma base de comparação.