Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados/Rosana Hessel/DAPress

MB Associados reduz de 1,8% para 1,4% previsão de PIB em 2022

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

Após o Itaú Unibanco reduzir ontem de 2% para 1,5% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, e revisar de 5,8% para 5,7% a estimativa de crescimento do PIB deste ano, a MB Associados divulgou um relatório nesta sexta-feira (13/8) com uma previsão mais pessimista para o PIB do ano que vem.

 

De acordo com o economista-chefe da MB, Sergio Vale, a nova estimativa de expansão do PIB de 2022 passou de 1,8% para 1,4%. Já a previsão para o crescimento da economia brasileira em 2021, de 4,7%, foi mantida. Contudo, o especialista reconheceu novas revisões para baixo do PIB do próximo ano não estão descartadas devido aos riscos crescentes, tanto políticos quanto econômicos.

 

“Os os riscos são nas esferas política e econômica e se continuar nesse cenário de piora gradual podemos revisar para baixo ainda”, afirmou Vale. Segundo ele, a questão fiscal continua no radar em meio ao avanço do calendário eleitoral e ao enfraquecimento do ministro da Economia, Paulo Guedes, que vem perdendo poder e pastas em seu superministério. “O fiscal é mais um elemento de risco. A preocupação é eleitoral e o Guedes perdeu capacidade de impedir a deterioração, infelizmente”, frisou.

 

De acordo com Vale, a conjunção de crise política e econômica, com elevada taxa de desemprego e taxa de juros para conter a inflação, tirará crescimento do consumo e dos investimentos em 2022. Apenas a exportação deve subir bem, mas não compensando os demais setores, que têm mais peso. “Na verdade, 1,4% significa dizer que voltamos ao padrão medíocre de crescimento que estamos tendo desde a saída da recessão em 2016”, alertou o economista no relatório.

 

“Com uma crise criada pelo próprio governo quando sinaliza uma política fiscal de má qualidade, em conjunção com uma gestão que segue ameaçando padrões estabelecidos de democracia, o risco potencial é de termos que rever esses números ainda para baixo no futuro. Vale dizer que a pressão fiscal, que não ajuda na contenção da inflação, força o Banco Central a ter que ser mais agressivo nos juros, o que piora ainda mais o custo da dívida pública, aumentando o risco e depreciando a taxa de câmbio. Esse círculo vicioso estará presente com intensidade em 2022, trazendo riscos de gestão de política econômica que se estenderão para o primeiro
ano do próximo mandato”, destacou o economista.

 

PIB do segundo trimestre

 

Pelas estimativas da MB, o PIB do segundo trimestre, que vai será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no início de setembro, deverá vir positivo, com alta de 0,5% na margem —  na comparação com o trimestre anterior. Em relação ao tombo o PIB do primeiro Na comparação anual, quando a economia desabou 10,9,% em relação ao mesmo período de 2019, a previsão é de avanço de 13%.

 

“O resultado é bastante positivo dados os riscos de início de ano de podermos ter recessão por causa da segunda onda da pandemia, que acabou não impactando a atividade como se esperava. Dada a baixa base de comparação, praticamente todos os segmentos terão forte expansão, com exceção da agropecuária pelas dificuldades de produção em diversas culturas, especialmente milho”, escreveu Vale no relatório. Para ele, o terceiro e o quarto trimestres também devem apresentar alta, mas ainda colocamos como alerta especialmente a possibilidade de impacto da crise hídrica, como já alertado nos comentários anteriores.  Ele espera alta de apenas 0,5% no último trimestre deste ano.

 

Tabela 1. P