Segundo o economista, a paralisação dos transportadores de cargas provocou alta, sobretudo, das proteínas animais. Todas as carnes ficaram mais caras. Também subiram muito os preços de frutas e legumes, além da gasolina, do etanol e da energia elétrica. “Estamos vendo um choque de preços de segunda ordem”, afirma Thadeu.
Ele ressalta, porém, que os aumentos de preços tenderão a se dissipar ao longo dos próximos meses. Caso o petróleo continue em queda no mercado internacional, é possível que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto fique próximo de zero, devido ao recuo dos preços dos combustíveis. Seria um quadro favorável ao Banco Central, que manteve a taxa básica de juros (Selic) inalterada em 6,50% ao ano.
Na avaliação de Thadeu, mesmo com a inflação mais alta, o BC não deve elevar os juros nos próximos meses. Isso só ocorrerá se o dólar superar os R$ 4,10. O BC prevê que, mantida a cotação de R$ 3,70 até o fim do ano, com a Selic a 6,50%, a inflação deste ano e do próximo ficará acima de 4%, bem próxima do centro da meta, de 4,5% e 4,25%, respectivamente.
Pelos cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA-15, a prévia da inflação oficial, atingiu 1,11% em junho, superando todas as estimativas do mercado. Foi a maior prévia para meses de de junho desde 1995. O resultado causou desconforto entre os analistas e no governo, que usa a inflação baixa como um dos poucos trunfos do presidente Michel Temer.
O governo acredita que os efeitos da greve dos caminhoneiros na inflação serão passageiros. E que não haverá motivos para o Banco Central aumentar a taxa de juros neste ano. A torcida é para que essa decisão tão impopular fique para o próximo presidente.
Brasília, 18h45min