Essa revisão é resultado do aumento das incertezas, a piora no quadro fiscal e a inflação que não deverá dar trégua farão o Banco Central elevar os juros a um patamar que vai travar o crescimento da economia, de acordo com o comunicado da instituição. “Notícias sobre o aumento dos gastos fiscais aumentaram as dúvidas sobre o futuro do arcabouço fiscal no Brasil, que desde 2016 tem sido baseado em um teto de gastos ajustável. Embora a discussão sobre dominância fiscal pareça exagerada no momento, é verdade que, sem uma âncora fiscal crível, a tarefa do banco central de manter a inflação na meta se torna mais difícil”, informou.
De acordo com o comunicado da equipe liderada pelo economista-chefe Mario Mesquita, antes, o banco previa crescimento de 0,5% no PIB do ano que vem. A estimativa de alta de 5% no PIB deste ano foi mantida. O comunicado informou que o aumento da incerteza fiscal implica em um risco-país mais alto, maior depreciação do real, piores perspectivas para a inflação e, “em última instância”, uma taxa de juros neutra mais alta, fará o Banco Central elevar a taxa básica de juros (Selic) em 1,5 ponto percentual, para 7,75% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana e mais 1,5 ponto percentual em dezembro. O banco ainda prevê outras duas altas de 1,0 ponto percentual na taxa básica, o que fará a Selic chegar a 11,25% no início do ano que vem.
“O Banco Central enfrenta a difícil situação de ter que acomodar choques sucessivos sem perder credibilidade, e mantendo as expectativas de inflação de médio prazo alinhadas às metas. Isso exigirá um equilíbrio entre a necessidade de sinalizar mais intensamente seu compromisso com a meta de inflação, ao mesmo tempo em que se dá a devida atenção à ‘taxa de sacrifício’ (redução de produto devido ao combate à inflação)”, destacou o documento.
“Apesar das taxas de juros mais altas, a maior incerteza fiscal irá, como indicado pela recente reação do mercado, limitar o espaço para a valorização do real. Agora projetamos taxa de câmbio em R$ 5,50 por dólar, no fim de 2021 e de 2022, contra R$ 5,25 em nosso cenário anterior”, acrescentou a nota do Itaú. Segundo o banco, um real mais fraco aumentará as pressões inflacionárias, “mas o controle de danos do BCB deve limitar um contágio maior”. A instituição prevê o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passando de 9%, em 2021, para 4,3%, em 2022.
O comunicado do banco ainda defendeu que uma rápida retomada da agenda de reformas, incluindo medidas como uma reforma administrativa ampla, que fortaleceria a flexibilidade e a resiliência fiscais, “poderia ajudar a aliviar as condições financeiras e reduzir a incerteza”.
No relatório, o Itaú Unibanco piorou também as previsões para a dívida pública bruta, passando de 81,8% para 82,1% do PIB, neste ano; e de 93,2% para 86% do PIB, no ano que vem.